O balão intragástrico é um instrumento usado para o tratamento do sobrepeso e da obesidade e consiste em uma bola de silicone que é colocada no estômago através da endoscopia. O objetivo é aumentar a sensação de saciedade do paciente, sem interferir no metabolismo, levando à perda de peso.
De acordo com Eduardo Grecco, gastrocirurgião e endoscopista, a colocação do balão intragástrico é uma alternativa temporária para o emagrecimento. Isso porque o balão tradicional dura, em média, de 6 a 12 meses no organismo do paciente.
“Também existe o balão intragástrico deglutível, que é um balão que não necessita de endoscopia para ser colocado. É feito de poliuretano e fica no corpo por 16 semanas, sendo degradado pelo organismo, ou seja, o paciente não precisa retirar esse balão”, explica.
A seguir, entenda quais são as indicações, as contraindicações, benefícios e riscos que o tratamento pode oferecer.
Para quem a colocação do balão intragástrico é indicado?
O balão intragástrico chegou ao Brasil no fim da década de 1990 e, inicialmente, era utilizado em pacientes superobesos (com IMC acima de 50). Atualmente, a sua colocação é indicada para pacientes com IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 26, ou seja, a partir de quem está em sobrepeso.
“Os pacientes com sobrepeso e obesidade leve são os que têm as melhores indicações, devido aos resultados. O balão intragástrico atinge uma média de perda de peso de 15% nos pacientes, o que é a redução de peso ideal que esses pacientes podem alcançar com a utilização do balão”, afirma Grecco.
Hoje em dia, a colocação do balão também pode ser indicada como procedimento pré-bariátrica, para que pacientes superobesos possam perder peso e atingir melhores condições para realizar a cirurgia bariátrica. “Pacientes com obesidade moderada, com IMC acima de 35, e obesidade mórbida, com IMC acima de 40, têm a melhor indicação para o tratamento cirúrgico”, explica o especialista.
Além disso, o procedimento pode ser uma alternativa para quem tem medo ou não quer realizar a cirurgia bariátrica, apesar de ter indicação. “Embora a perda de peso ideal para esses pacientes deva ser de 30 a 40%, com o balão, eles conseguem uma redução de 15 a 20%, o que já ajuda muito na redução de peso”, afirma.
Como o balão intragástrico é colocado e como ele age dentro do corpo?
A colocação do balão intragástrico é feita de forma endoscópica. Com o paciente sedado, o balão é colocado dentro do estômago por um tubo flexível, conhecido como endoscópico. Lá, o aparelho promove saciedade ao ocupar espaço.
“É um procedimento restritivo, que não interfere no metabolismo, como uma cirurgia. Com o balão, o paciente não sofre perda de vitaminas, ferro, proteínas ou outros nutrientes”, afirma Grecco.
Porém, o especialista ressalta: para que seu efeito seja mesmo benéfico, é necessário que haja acompanhamento multidisciplinar, ou seja, com profissionais de diferentes áreas da saúde. “É importante que o paciente entenda que essa saciedade estará vinculada a uma alimentação correta. Por isso, ele passa por um processo nutricional e acompanhamento psicológico extremamente rigoroso”, ressalta.
O especialista explica que, no primeiro mês, a dieta do paciente será líquida, passando para cremosa no segundo mês e para pastosa, no terceiro. “Após 90 dias, quando entra no quarto mês de tratamento, ele volta a ter uma alimentação normal, porém em pequenas quantidades, porque o balão ocupa 50% do espaço no estômago”, explica.
O tratamento dura, em média, de seis a 12 meses, dependendo do tipo de balão. Após esse período, o paciente deve voltar ao hospital para retirá-lo, também por via endoscópica. Segundo o gastroenterologista, o acompanhamento nutricional deve ser mantido nesse período, para que a alimentação seja planejada de forma equilibrada e saudável, respeitando os limites do paciente.
Para quem o balão é contraindicado?
A colocação do balão intragástrico é contraindicada para os seguintes casos:
- Pacientes que já tenham realizado cirurgia gástrica, como fundoplicatura ou cirurgia de obesidade;
- Pacientes com doenças ativas, doenças autoimunes ou doenças inflamatórias em atividade — essas condições devem ser controladas antes de se considerar uma avaliação para a colocação do balão, segundo o especialista;
- Pacientes com compulsão alimentar devem ser avaliados por nutricionista e psicólogo antes do procedimento;
- Pacientes com histórico de alcoolismo;
- Pacientes com alteração no esôfago;
- Pacientes com hérnias de hiato volumosas (acima de 4 cm).
Quais são os riscos que o procedimento pode oferecer?
De acordo com Grecco, a colocação do balão intragástrico é, de maneira geral, um procedimento seguro e as complicações são raras. No entanto, podem ocorrer casos de náuseas, vômitos e dor abdominal leve após a colocação. Ao notar esses sinais, é fundamental buscar o atendimento médico.
“O profissional deve manter o contato diário com o paciente por 72 horas. Depois de cinco dias, o paciente retorna ao consultório e, posteriormente, é realizado um acompanhamento mensal”, esclarece o especialista.
Além disso, em alguns casos raros, pode ser que um corante azul — que preenche o balão gástrico — vaze, tornando a urina do paciente esverdeada. “Isso é um sinalizador para o médico. Se isso ocorrer, embora seja raríssimo, o paciente precisa procurar o médico, e o balão será substituído”, orienta.
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