Um estudo descobriu que bactérias comuns de serem encontradas na boca podem ajudar a desencadear um ataque cardíaco. O trabalho, realizado por pesquisadores da Universidade de Tampere, na Finlândia, foi publicado no último dia 6 na revista médica da Associação Americana do Coração.
A relação entre saúde bucal e cardíaca não é nova: estudos anteriores já mostraram que DNA de bactérias vindas da boca, pulmões, intestino e pele podem ser encontrados em placas de aterosclerose (depósitos de gordura nas paredes das artérias cardíacas). Essas placas são uma das principais causas de doenças e ataques cardíacos.
Os pesquisadores, então, queriam entender o papel de bactérias bucais dentro de placas de aterosclerose (também chamadas de placas coronárias). Para isso, eles coletaram amostras de placas de 121 pacientes que morreram repentinamente e de 96 pacientes que passaram por cirurgia para remover placas dos vasos sanguíneos.
Usando anticorpos específicos, os pesquisadores verificaram como as bactérias estavam organizadas dentro das placas. Eles queriam entender se elas formavam uma camada protetora que poderia dificultar o ataque por parte do sistema imunológico. Em seguida, eles compararam as placas de pessoas que tiveram infarto com aquelas que não tiveram, para entender se havia diferença no comportamento e na organização dessas bactérias.
Os pesquisadores encontraram biofilmes de vários tipos de bactérias orais, sendo a mais comum pertencente ao grupo dos estreptococos viridians: elas foram encontradas em 42,1% das placas coronárias de pacientes que sofreram morte súbita e em 42,9% dos que foram submetidos à cirurgia.
Além disso, o estudo descobriu que a presença dessas bactérias estava fortemente correlacionada com aterosclerose grave, morte por doença cardíaca e morte por ataque cardíaco, particularmente associada à ruptura de uma placa.
Segundo o trabalho, o biofilme formado pelas bactérias as protege da detecção ou da eliminação pelo sistema imunológico, permitindo que elas permaneçam “escondidas” por muito tempo sem causar sintoma até que elas sejam ativadas. Uma vez ativas, elas levam a uma resposta inflamatória local que pode enfraquecer a placa coronária, levando à ruptura e, consequentemente, ao ataque cardíaco.
Os resultados do estudo sugerem uma nova informação sobre como os infartos podem ocorrer, indicando que fatores como gordura, colesterol, pressão alta podem não ser os únicos envolvidos na condição. Possivelmente, infecções silenciosas também podem aumentar o risco de ataques cardíacos.
Apesar dos achados, mais estudos são necessários para maior compreensão sobre o papel das bactérias orais nos ataques cardíacos, bem como identificar os fatores de agravamento e como as bactérias orais chegam até as placas coronárias.