Uma pesquisa inovadora do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) identificou espécies de árvores na Grande São Paulo com maior capacidade de resistência aos efeitos das mudanças climáticas. O estudo, intitulado “Árvores do Futuro” analisou folhas de 29 espécies nativas em fragmentos urbanos e periurbanos da Mata Atlântica, revelando seis plantas potencialmente tolerantes.
Essas árvores poderão ser consideradas para a arborização urbana no futuro, desde que atendam a outros critérios, como resistência a patógenos e pragas, além de características de crescimento da copa e das raízes. Os testes foram realizados tanto em campo quanto em laboratório.
As espécies consideradas mais tolerantes identificadas até o momento são o camboatá (ou camboatã), capixingui (ou tapixingui), guamirim, pessegueiro-bravo, maria-mole e o guamirim-ferro.
A pesquisadora Marisa Domingos, que supervisionou o estudo, ressalta que os resultados contribuirão para a gestão ambiental das cidades. “Compreender quais espécies são mais resistentes aos estressores ambientais é fundamental para o planejamento urbano e a conservação da biodiversidade em regiões metropolitanas”, destacou no evento Mulheres da Ciência – o futuro da sustentabilidade Ambiental, realizado pela Secretaria de Meio-Ambiente Infraestrutura e Logística de São Paulo (Semil) na última quarta-feira (26/3).
Bioprotetor de microalgas
No encontro foram apresentadas outras pesquisas inovadoras como a conduzida pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA) para desenvolver um bioprotetor produzido naturalmente por macroalgas.
Este projeto integra estudos sobre biodiversidade, prospecção e biotecnologia, analisando macroalgas de águas tropicais e da Antártica marítima. As macroalgas ficam diretamente expostas à radiação solar durante as marés baixas. Os pesquisadores descobriram que, em função disso, elas produzem substâncias químicas naturais que oferecem proteção contra as radiações ultravioletas do sol.
O estudo foca na prospecção de algas que produzem substâncias conhecidas como aminoácidos tipo micosporinas (MAAs), que são filtros solares naturais em ambientes aquáticos. Os MAAs absorvem a luz ultravioleta (UV) e tem potencial como ingredientes em protetores solares naturais. Além disso, esses compostos poderão ser aplicados em cosméticos e produtos farmacêuticos.
Outras pesquisas apresentadas no encontro foram sobre contaminação de aquíferos, desafios da adaptação à Emergência Climática, créditos de carbono e arranjos Produtivos Sustentáveis. O evento foi realizado no mês de março em comemoração ao dia internacional da mulher, que segundo Marco Aurélio Nalon, coordenador do IPA, respondem por 56% dos pesquisadores da instituição.