As possíveis sanções americanas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), seriam apenas um “dano colateral” de motivações mais profundas do governo Trump, segundo análise do professor de Ciência Política Carlos Gustavo Poggio, do Berea College.
Em participação no WW, Poggio explicou que a influência de grupos bolsonaristas nas sanções americanas está relacionada à configuração política específica do estado da Flórida, que conta com uma forte presença de brasileiros e conexões com figuras importantes da diplomacia dos Estados Unidos.
Conexões políticas na Flórida
O professor destacou que o Secretário de Estado Marco Rubio é senador pela Flórida, e o representante Corey Beus, também do estado, foi responsável por trazer Alexandre de Moraes à pauta. Essa configuração, somada à presença de Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro na região, confere um poder maior aos grupos brasileiros locais.
Poggio ressaltou que as motivações para possíveis sanções vão além das questões relacionadas ao Brasil, mas a conexão com a Flórida permite que o país seja envolvido. No entanto, o especialista alertou para a gravidade institucional que sanções contra um ministro do STF representariam.
Impacto nas relações Brasil-EUA
“Não podemos esquecer ou negligenciar o fato de que, caso isso venha a acontecer, é sim uma medida de caráter bastante grave na relação entre Brasil e Estados Unidos”, afirmou Poggio.
Ele acrescentou que tal ação seria inédita e simbolicamente impactante, considerando o que Alexandre de Moraes e o STF representam.
O professor sugeriu que, caso as sanções se concretizem, o Brasil deveria calibrar de forma inteligente sua resposta diplomática, reconhecendo a seriedade da situação, mas evitando uma escalada desnecessária do conflito.
A análise de Poggio ressalta a complexidade das relações internacionais e o delicado equilíbrio diplomático que o Brasil precisaria manter diante de tal cenário.