Pessoas próximas ao general Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, dizem que não há razões para ele temer um fechamento de acordo de delação premiada do general Mário Fernandes, indiciado pela Polícia Federal por participação na trama golpista.
O argumento é de que Mário Fernandes não era a subordinado a Braga Netto, que foi o vice de Jair Bolsonaro na disputa presidencial de 2022. Atualmente, o ex-ministro vive no Rio de Janeiro de onde acompanha os desdobramentos das investigações.
Os dois generais são apontados no relatório final da PF como peças-chaves da trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A família do general Mario Fernandes tem incentivado o militar a fazer um acordo de colaboração premiada.
O militar já teria começado a ler as 884 páginas do relatório final da PF nesta segunda-feira (2) para subsidiar sua estratégia da defesa. A CNN apurou que ele está abatido e quer entender o que está sendo atribuído a ele para buscar uma reação.Play Video
Na época dos fatos, Mário Fernandes era ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência do governo de Jair Bolsonaro (PL), pasta comandada pelo general Luiz Eduardo Ramos. Porém, integrantes da gestão Bolsonaro afirmam que o general havia se aproximado do Braga Netto ao longo do governo.
De acordo com o relatório da PF, Mário Fernandes elaborou, imprimiu no Palácio do Planalto e levou ao Palácio do Planalto o plano “Punhal Verde Amarelo”. A trama consistia na execução do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a investigação, o plano foi discutido na casa do Braga Neto em um prédio da Asa Sul em Brasília.
O general Mário Fernandes, ainda segundo a investigação, daria apoio material e financeiro, além de orientar os participantes das manifestações antidemocráticas em frente ao Quartel-General (QG) do Exército, em Brasília.
Em mensagens identificas pela PF, Mário Fernandes aparece em conversa com o coronel Marcelo Câmara, então assessor de Bolsonaro, sugerindo que o ex-ministro e general Braga Netto assuma o Ministério da Defesa.
Mário Fernandes está preso desde o dia 19 de novembro no Comando da Primeira Divisão do Exército no Rio, quando foi preso na Operação Contragolpe da Polícia Federal. Também foram presos o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira, além do policial federal Wladimir Matos Soares.
Nesta segunda-feira(2), o ministro Alexandre de Moraes autorizou a transferência do general e do tenente-coronel para Brasília. Eles devem ficar presos em unidades dentro do Comandante Militar do Planalto (CMP). Ainda não há informações sobre a data da transferência.
Os dois têm formação nas Forças Especiais do Exército, grupo de elite cujos militares são conhecidos como “kids pretos”, treinado para atuar em missões sigilosas com ambientes hostis e politicamente sensíveis.
Como mostrou a CNN, o ex-presidente conheceu o general da reserva Mário Fernandes em 2019, durante agenda oficial no Comando de Operações Especiais (COpEsp), em Goiânia, onde ficam os chamados “kids pretos”.