O setor agropecuário brasileiro anda na contramão dos avanços registrados no Brasil quando o assunto é a condição de vida das pessoas. Enquanto o País conseguiu reduzir a população que vive na pobreza e na extrema pobreza, o setor agropecuário apresentou sinais de estagnação em termos de ocupação, com crescimento dos rendimentos abaixo da média nacional. É o que mostra dados de 2023 que constam no relatório Síntese de Indicadores Sociais (SIS), divulgado pelo IBGE nesta semana.
Segundo o estudo, a proporção de brasileiros vivendo abaixo da linha de pobreza caiu de 31,6%, em 2022, para 27,4% em 2023, representando uma redução de 67,7 milhões para 59 milhões de pessoas. Na extrema pobreza, a queda foi de 5,9% para 4,4% no período, com o número de pessoas extremamente pobres diminuindo de 12,6 milhões para 9,5 milhões.
Índices da atividade agropecuária
A análise do setor agropecuário mostra uma queda de 20,3% no número de pessoas ocupadas na atividade entre 2012 e 2023, com redução de 4,2% em apenas um ano, de 2022 para 2023. A agropecuária foi a única atividade econômica que não apresentou crescimento no período analisado.
Embora o rendimento médio mensal do trabalho na agropecuária tenha aumentado de R$ 1.491 em 2012 para R$ 1.814 em 2023 e registrado um crescimento de 21,6% em relação a 2022, o aumento foi um dos menores entre as atividades analisadas, indicando que o aumento salarial no campo não refletiu a redução da força de trabalho.
Além disso, a alta taxa de pobreza entre os trabalhadores do setor (33,1%), demonstra a necessidade de políticas que promovam melhores condições de trabalho no campo.
Alta dependência de programas sociais
O relatório mostrou também que a dependência de programas sociais na zona rural é alta. Em 2023, cerca de 51% da população rural vivia em domicílios beneficiados por programas, mais que o dobro da média urbana (24,5%). Essa realidade demonstra a vulnerabilidade econômica de muitos trabalhadores rurais.
Apesar da redução da pobreza no território nacional, a alta taxa de pobreza no setor agropecuário (33,1%), especialmente entre trabalhadores sem carteira assinada e com baixa escolaridade, indica a necessidade de investimentos em educação, qualificação profissional e formalização do trabalho na atividade agropecuária.
De acordo com o IBGE, a estagnação da atividade agropecuária e a manutenção da pobreza no setor rural demandam ações governamentais mais eficazes para garantir o aumento da renda e a inclusão social no campo.