Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid renovou a esperança de obter o perdão total diante de uma condenação na trama golpista como benefício pelo acordo de colaboração premiada, apurou a CNN.
O otimismo foi reforçado principalmente após o voto do ministro Flávio Dino nesta terça-feira (9), durante o terceiro dia de julgamento do núcleo crucial do plano de golpe pela Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal).
Dino disse que a colaboração de Mauro Cid “atendeu aos seus objetivos” e adiantou que vai “valorar no grau máximo os benefícios” firmados no acordo.
Em troca de revelar a dinâmica da trama golpista, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro pediu o “perdão judicial ou pena máxima de dois anos”.
“Vou aquilatar posteriormente, no grau máximo possível, os benefícios a ele deferidos, porque considero que a delação atendeu aos seus objetivos de esclarecimento dos fatos e de utilidade para a investigação e para a elucidação de outros elementos”, afirmou o ministro.
Antes de Dino, o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, defendeu a validade da delação e criticou as defesas que questionaram a voluntariedade do acordo e apontaram a mudança de versão.
“Não há oito, nove ou 14 delações. Isso beira a litigância de má-fé. Houve oito depoimentos sobre fatos diversos em uma mesma delação”, disse Moraes.
O relator afirmou ainda que áudios publicados pela revista Veja, bem como eventuais conversas com o advogado Marcelo Câmara em uma rede social, não afetam as informações apresentadas por Cid.
De acordo com Moraes, as supostas omissões devem, no máximo, acarretar em uma redução dos benefícios acordados com o colaborador.
Como mostrou a CNN, advogados que atuam no processo apostam que o tenente-coronel conseguirá obter o benefício de pena mínima de dois anos.
Por sua vez, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, defendeu que Cid tenha uma redução de um terço da pena devido às supostas omissões.
O julgamento da trama golpista será retomado nesta quarta-feira (10) com o voto do ministro Luiz Fux. Ainda faltam votar Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF.