Pais normalmente cuidam de todos os aspectos da saúde dos filhos, seja marcando consultas, conversando com o médico ou distribuindo remédios prescritos. Talvez isso funcione bem — até que o filho sai de casa para ir à faculdade ou trabalhar e acaba em um pronto atendimento no meio da noite com sintomas fortes de gripe ou um pulso quebrado.
Estima-se que 3,9 milhões de estudantes se formem no ensino médio em 2025, segundo a Western Interstate Commission for Higher Education. Pela minha experiência, a maioria deles não está pronto para cuidar da própria saúde como adultos.
Muitos desses formandos vão se juntar aos 18,4 milhões de estudantes já na faculdade no semestre da primavera. Quase 72% dos universitários afirmam ter consultado um profissional de saúde no último ano, segundo o Spring 2024 National College Health Assessment. Então é bem provável que seu adolescente também precise visitar um médico em algum momento.
Seja na faculdade ou não, seu filho agora adulto precisa aprender as habilidades para assumir o cuidado da própria saúde. Como médico de família focado na saúde de jovens adultos, quero compartilhar minha receita para lidar com a saúde em qualquer idade.
Prepare antes de ir
Toda consulta começa com a recepcionista pedindo sua identificação, cartão do plano de saúde (se tiver) e informações médicas. Guarde fotos da frente e do verso do seu cartão de saúde como favoritos no celular.
Crie um arquivo acessível (como um Google Doc) que liste todos os seus medicamentos (com doses), alergias a remédios, problemas médicos e cirurgias anteriores, histórico familiar e registro de vacinas. (Você pode até carregar o cartão físico.)
Antes de entregar seu cartão, pense em quem paga o seguro. O titular da apólice (geralmente o pai ou responsável se você for adolescente ou jovem adulto) receberá um extrato de benefícios, ou EOB, após qualquer consulta que usar o plano.
Isso não é uma conta, mas uma explicação dos custos da consulta. Diagnósticos não são incluídos, mas o EOB lista os nomes de exames laboratoriais, procedimentos ou imagens do atendimento. Se um exame de gravidez, doenças sexualmente transmissíveis ou drogas aparecer, seus pais podem fazer a conexão.
E não, o médico não pode rotular um exame de clamídia como “teste de garganta inflamada”. Isso é fraude de seguro. Se você está preocupado que seus pais saibam o motivo da sua consulta, considere ir a uma clínica pública ou de estudantes com taxas reduzidas para atendimentos sem seguro.
Universidades quase sempre têm clínicas gratuitas ou de baixo custo para DSTs para seus alunos.
Comece com sua maior preocupação
Por que você marcou essa consulta? Pacientes muitas vezes esperam o médico estar quase saindo para falar seu problema real, que geralmente é algo delicado ou que toma tempo, como querer começar a usar anticoncepcional, ter cólicas intensas, ou preocupação com gravidez ou DSTs. Ou talvez você tenha um problema de saúde mental como insônia, ansiedade, depressão ou dependência.
Com as consultas hoje limitadas a 10 ou 15 minutos, você e seu médico querem aproveitar ao máximo o tempo juntos. Comece falando do seu principal problema, mesmo que pareça estranho ou embaraçoso. Confie em mim, o médico já ouviu de tudo antes e quer o máximo de tempo para ajudar você.
Pergunte “e agora?” antes de sair
Na minha experiência, o fator nº 1 na insatisfação dos pacientes é não entender o que fazer se o problema piorar ou não melhorar. Nunca saia da sala sem perguntar: “E agora?”.
Esclareça quando e como você receberá os resultados dos exames: o que fazer se tiver uma reação ruim ou não melhorar; qual prazo é razoável para esperar melhora; e como comunicar de volta suas dúvidas (normalmente pelo portal online do paciente).
Muita gente me diz que foi ao médico, recebeu receita, terapia ou exames que não ajudaram ou não identificaram o problema. Quando pergunto o que disseram no retorno, percebo que nunca voltaram ou se comunicaram com o consultório.
Brincamos que é a “prática da medicina”, mas a verdade é que nosso diagnóstico ou tratamento inicial nem sempre está certo. Sempre temos um plano B, C e D. Seu médico não pode saber que você não melhorou se não contar. Por favor, faça o acompanhamento.
Surpresa com o preço do remédio? Fale!
Seu médico não sabe o custo pessoal do seu medicamento a menos que você pague em dinheiro e não use seguro, e não somos bons em adivinhar. Só 1 em cada 5 médicos previu corretamente os custos dos seus pacientes, segundo investigação de 2021 da JAMA.
Se ao buscar o remédio na farmácia descobrir que está muito caro, você tem opções. Pergunte se existe equivalente genérico e, se houver, peça para a farmácia falar com seu médico para uma alternativa mais barata. (O farmacêutico pode pedir que você ligue, mas geralmente faz isso.)
Nunca hesite em falar! Médicos podem achar que um genérico antigo é barato, mas planos de saúde podem tornar essa opção cara.
Peça as renovações antes de acabar o remédio
Se seu médico receitou remédio com renovações, não espere acabar o último comprimido para pedir outra receita. Farmácias podem demorar dias para renovar, então ao retirar a receita, coloque um lembrete no celular para pedir o próximo refil pelo menos três dias antes do prazo.
Remédios para transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) têm tido atrasos, devido à necessidade de aprovação médica, aumento da demanda, atrasos na produção e falta de estoque. Em 2023, mais de 7 em cada 10 adultos nos EUA que tomam medicamentos estimulantes para TDAH tiveram problemas para conseguir a receita, segundo dados de 2024 do CDC.
Perguntas repetidas? Não se surpreenda
Peço desculpas adiantado: sei que é irritante responder as mesmas perguntas várias vezes, pessoalmente e online. Saiba que isso não é questionar suas respostas, mas garantir que a consulta foque no problema principal.
Primeiro, repetir perguntas cria uma rede de segurança, porque consistência ajuda a evitar erros. Segundo, respostas mudam porque pacientes nervosos podem variar o que dizem conforme avançam no atendimento. Terceiro, quando o médico está atrasado, pode ser mais rápido perguntar direto ao paciente do que ler anotações da recepção e dos assistentes.
Pais: parem de tentar controlar a consulta
Pais não devem dizer: “Vai tomar antibiótico para essa tosse que você tem há um mês” ou “Você precisa de raio-x no tornozelo ou tomografia na cabeça”. Isso não ajuda. Quase metade dos adultos americanos acha difícil pagar cuidados de saúde, segundo KFF, mas pacientes continuam exigindo tratamentos, exames e procedimentos que não são necessários conforme diretrizes baseadas em evidências.
A maioria das doenças respiratórias e tosses pós-virais não melhora com antibióticos (porque não são causadas por bactéria), e a maior parte dos “tornozelos torcidos” não precisa de raio-x. Não há problema em incentivar seu adolescente ou jovem adulto a ir ao médico, mas por favor, não crie expectativas firmes sobre diagnóstico ou tratamento, a menos que você também seja profissional de saúde.
Pratique, pratique, pratique
Cuidar da própria saúde não significa saber tudo antes de ver o médico, mas estar preparado, falar e fazer as perguntas certas sobre o acompanhamento ajuda muito a ter um atendimento melhor. Aprender essas habilidades importantes requer prática para ficar confortável em qualquer idade, mas isso ajuda a transformar consultas médicas intimidadoras em visitas mais eficientes, produtivas e menos estressantes.
