Megaoperações deflagradas na última semana, como a “Carbono Oculto” e a “Operação Tank”, expuseram um intrincado esquema bilionário de fraudes no setor de combustíveis com a participação do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Um dos golpes mais prejudiciais aos consumidores identificados nas investigações é o chamado “bomba fraudada”, também conhecido como “bomba baixa”, que envolve a adulteração intencional da quantidade de combustível entregue.
As investigações revelaram que centenas de postos de combustíveis estiveram envolvidos no esquema, com o PCC utilizando essa fraude para gerar lucros ilícitos.Play Video
Entenda golpe
De acordo com Paulo Miranda, presidente da Fecombustíveis, é crucial diferenciar a “bomba baixa” da “bomba fraudada”. A bomba baixa ocorre quando a bomba está ligeiramente abaixo do volume exigido por lei, geralmente por problemas técnicos, não indicando dolo ou intenção de enganar o consumidor.
Já a bomba fraudada é um ato deliberado, onde o empresário mal-intencionado utiliza um “chip” para enganar o consumidor, fazendo com que ele receba menos combustível do que pagou.
É essa prática de fraude com chip que é mais frequente em São Paulo e está diretamente ligada ao PCC, que a emprega para obter vantagens ilícitas, incluindo a venda de gasolina roubada e adulteração de combustíveis.
Entenda esquema
A organização criminosa se infiltrou em toda a cadeia de combustíveis, desde a importação irregular de metanol, que chega pelo Porto de Paranaguá (PR) e é desviado para adulterar combustíveis, compondo até 50% da gasolina vendida até a revenda ao consumidor.
Os lucros são lavados e ocultados em uma complexa rede de empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs, que funcionam como “bancos paralelos” para dificultar o rastreamento dos recursos.
Essa rede do PCC movimentou cerca de R$ 52 bilhões entre 2020 e 2024, com uma sonegação de R$ 7,6 bilhões em tributos. Postos receberam 12 mil depósitos em espécie em um dia, aponta inquérito.
A Fecombustíveis emitiu nota em apoio as investigações do MPSP (Ministério Público de São Paulo) e da PF (Polícia Federal), destacando a importância de denunciar irregularidades no setor de combustíveis.