A fibromialgia afeta entre 2% e 3% da população do Brasil, o que corresponde a cerca de 6 milhões de pessoas, segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR). O tema será debatido no “CNN Sinais Vitais – Dr. Kalil Entrevista” deste sábado (16), inaugurando uma nova temporada dedicada a dores crônicas.
Para abordar o assunto, Dr. Roberto Kalil conversa com as especialistas Camila Magalhães, psiquiatra e pesquisadora do Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica da Universidade de São Paulo (USP), e Waldenise Cossermelli, reumatologista e professora emérita da Faculdade de Medicina de Jundiaí.
A fibromialgia é uma síndrome clínica que se manifesta com dor no corpo todo, principalmente na musculatura. Outros sintomas incluem fadiga, sono não reparador e outros sintomas como alterações de memória e atenção, ansiedade, depressão e alterações intestinais. Outra característica comum da doença, de acordo com a SBR, é a alta sensibilidade ao toque e à compressão da musculatura.
Segundo Cossermelli, a fibromialgia é mais frequente entre as mulheres e tem uma predisposição genética importante. A especialista destaca, ainda, que a doença afeta o sistema nervoso central, o que gera as dores e altera a cognição e a emoção.
A fibromialgia será reconhecida como deficiência a partir de janeiro do próximo ano, através da Lei nº 15.176, que altera a Lei nº 14.705/2023. A iniciativa visa promover inclusão, acesso a benefícios sociais e prioridade em atendimentos, combatendo o estigma que a doença ainda enfrenta. Segundo o Ministério da Saúde, o tempo médio para o diagnóstico pode chegar a cinco anos.
De acordo com Magalhães, a lei é importante porque a dor crônica causada pela fibromialgia impacta a funcionalidade do paciente, interferindo no sono, apetite e disposição. “O estresse piora muito”, afirma a psiquiatra, ressaltando que a fibromialgia é “bastante incapacitante por conta dessa nuvem de sintomas cognitivos, físicos e do humor”.
A especialista também comenta sobre a “hiperconectividade”, que pode piorar doenças inflamatórias, pois o uso constante de telas afeta a qualidade do sono, essencial para a recuperação do corpo e a redução do estresse. “O sono é essencial para que a gente consiga regenerar, recuperar a musculatura, recuperar a produção de neurotransmissores, diminuir os níveis de cortisol”, explica.
As convidadas ressaltam, ainda, que o tratamento deve ser multidisciplinar e envolver o apoio psicológico. A inclusão social e no ambiente profissional também é fundamental. Magalhães ressalta que “as empresas estão muito a par de doenças mais incapacitantes e fazem ajustes” para acomodar as necessidades dos portadores da doença.