Os preços do trigo caíram no mercado interno em junho, influenciados por fatores como desvalorização no mercado internacional, fraca demanda doméstica e avanço das atividades de semeadura, conforme aponta relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Segundo o Cepea, a demanda interna permaneceu enfraquecida, com “muitos agentes de moageiras afirmando que estão abastecidos, enquanto outros trabalham com o trigo importado”. Do lado da oferta, os produtores estiveram concentrados nas atividades de campo, o que resultou em baixa liquidez nas negociações no mercado interno.
A média mensal do preço do trigo no Rio Grande do Sul foi de R$ 1.351,14 por tonelada, representando queda de 4% em relação a maio e de 10,2% frente a junho de 2024, em valores reais deflacionados pelo IGP-DI. No Paraná, a média foi de R$ 1.510,60 a tonelada, com redução de 2,5% no mês e de 5,8% no ano.
Em São Paulo, o preço médio atingiu R$ 1.530,44 a tonelada, recuo de 4,6% no comparativo mensal e de 11% na base anual. Santa Catarina foi a única exceção, com leve alta mensal de 0,5%, embora o preço tenha caído 6,5% em relação ao mesmo período de 2024, fechando junho em R$ 1.469,75 a tonelada.
O movimento de queda dos preços continua em julho. Nesta segunda-feira (7/7), o indicador Cepea/Esalq registrou, no Paraná a cotação média de R$ 1.476,58 a tonelada para o trigo pão ou melhorador, um recuo de 0,81% desde o início do mês. No Rio Grande do Sul, o trigo brando estava cotado a R$ 1.330,21 a tonelada, uma queda de 0,53% no acumulado de julho.
No setor de derivados, o farelo de trigo registrou valorização no final de junho, impulsionado pela maior demanda para consumo animal. O Cepea aponta que o preço do farelo de trigo a granel subiu 2,67%, e o do ensacado avançou 0,96%. Já os preços das farinhas apresentaram leves quedas. Produtos como massas frescas e panificação seguiram estáveis.
Mercado externo
No mercado internacional, os preços futuros do trigo apresentaram alta mensal, mas seguem abaixo dos valores registrados no mesmo período do ano passado. Em Chicago, a cotação média do trigo Soft Red Winter foi de US$ 5,4091 por bushel, com alta de 3,1% no mês, mas queda de 9,7% frente a junho de 2024.
As importações brasileiras de trigo somaram 487,04 mil toneladas em junho, segundo a Secex, com 94,1% do volume vindo da Argentina e 5,9% do Paraguai. O preço médio foi de US$ 245,54 por tonelada, equivalente a R$ 1.361,50 por tonelada. No acumulado do primeiro semestre de 2025, o Brasil importou 3,58 milhões de toneladas, um aumento de 6,3% em relação ao mesmo período de 2024.
Moinhos brasileiros vêm intensificando, mês a mês, as importações de trigo da Argentina. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário reflete a baixa oferta doméstica e preocupações quanto à possível redução na área com cereal na atual temporada.
Na Argentina, a semeadura da safra 2025/26 alcançou 78,2% da área prevista, de acordo com a Bolsa de Cereais. O preço médio do trigo argentino em junho foi de US$ 233,58 por tonelada, queda de 0,65% frente a maio e de 19% na comparação anual.