O Governo do Tocantins promoverá um novo encontro de escuta no território Krahô com o objetivo de ampliar o diálogo com a comunidade indígena. A iniciativa foi anunciada após a realização da Oficina Participativa do Programa REDD+ (Redução de Emissões dos Gases de Efeito por Estufa por Desmatamento e Degradação Florestal), realizada nos dias 29 e 30 de maio, na Aldeia Cachoeira, situada entre os municípios de Goiatins e Itacajá.
Coordenada pelas Secretarias do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e Povos Originários e Tradicionais (Sepot), a Oficina Participativa contou com a presença de representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), do Ministério Público Federal (MPF) e lideranças indígenas de 32 aldeias.
Os indígenas, principalmente as mulheres, manifestaram o desejo de aprofundar o entendimento sobre o REDD+ para participar ativamente do processo. A proposta é que o próximo encontro ocorra na Aldeia Mangabeira, em data a ser definida, para ampliar os conhecimentos em REDD+, realizar levantamento de ações prioritárias para o Subprograma voltado a Povos Indígenas, Povos e Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares (PIPCTAF) e escolha de representantes para a futura audiência pública. A Terra Indígena Kraolândia possui 302.533 hectares e cerca de 4 mil indígenas distribuídos em 43 aldeias.
“Queremos mais uma consulta porque somos nós que cuidamos da casa, dos filhos, e queremos entender o REDD+. Vamos pedir essa nova oportunidade”, disse a cacique da Aldeia Recanto, Silvia Pahkim Krahô.
Durante dois dias, os temas discutidos incluíram mudanças climáticas, salvaguardas, governança e repartição de benefícios, com destaque para o Subprograma REDD+ voltado a Povos Indígenas, Povos e Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares (PIPCTAF). Essa foi a segunda reunião técnica realizada no território — a primeira ocorreu em novembro do ano passado.
A superintendente de Gestão de Políticas Públicas Ambientais da Semarh, Marli Santos, abriu os trabalhos explicando os efeitos das mudanças climáticas e o objetivo do Programa Jurisdicional de REDD+ que busca reduzir o desmatamento e as emissões de gases de efeito estufa (GEE). “O REDD+ veio para dizer que o modo de vida de vocês é muito importante. Nós somos ruins em preservar, mas os povos indígenas não. Estamos aqui para aprender com vocês, respeitando os “pahi” (caciques)”, destacou.
O procurador-chefe do Ministério Público Federal (MPF) do Tocantins, Álvaro Lotufo Manzano, destacou a importância de os indígenas entenderem o funcionamento do REDD+ e tirarem todas as dúvidas. “Vocês precisam saber o que isso vai mudar na vida de vocês e acompanhar todo o processo e nos estamos aqui para oferecer o suporte necessário”, afirmou.
A chefe do Serviço de Gestão Territorial e Ambiental da Funai – Coordenação Regional Araguaia-Tocantins, Clarisse Marina dos Anjos Raposo, reforçou o acompanhamento do órgão em nível nacional e o compromisso com a participação dos povos indígenas: “Aproveitem este momento até que tudo esteja claro para o mehi (povo krahô)”, reforçou.
Acompanharam ainda a oficina a chefe da Coordenação Técnica Local da Funai de Carolina (MA), Maria dos Anjos Rodrigues de Sousa e o presidente da Articulação dos Povos Indígenas do Tocantins (Arpit), Marquinho Karajá.