O Dia Nacional do Café, celebrado em 24 de maio, foi instituído em 2005 pela Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC). A escolha da data, na época, costumava coincidir com o início da colheita nas principais regiões produtoras do país. Com as alterações climáticas, os calendários mudaram bastante da safra 2023/24 para 2025/26, mas os trabalhos de campo já estão em andamento em regiões do Espírito Santo, sul da Bahia, Minas Gerais e São Paulo.
Produtores ouvidos pela Globo Rural, inclusive, vão aproveitar o dia para ir a campo colher, já que a chuva deve dar trégua neste fim de semana. É o caso de Adriane Freddi e Valmor Santos, cafeicultores em Bueno Brandão, sul de Minas. Eles começaram a colheita, mas perceberam que ainda há muitas cerejas de café para amadurecer e devem acelerar os trabalhos em junho.
“A expectativa é boa e a qualidade dos grãos parece que não foi afetada”, conta o produtor. O casal cultiva cafés especiais de algumas variedades de arábica e consideram ter um “campo-laboratório”, onde desenvolvem experiências em agrofloresta com manejo de agricultura regenerativa. As técnicas favorecem a qualidade do café da marca Campo Místico, que será colhido até meados de setembro.
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Em Varginha, também Minas Gerais, o produtor Leonardo Rezende está otimista com o início da colheita. Apesar da seca severa do final de 2024, ele disse que as plantas estão saudáveis e conseguiram suportar o calor, o que vai gerar um café potencialmente mais doce.
Os preços elevados da matéria-prima propiciaram que o produtor investisse em um maquinário para melhorar a secagem do café durante o processo de beneficiamento.
Ritmo da colheita no Brasil
Os dois produtores acompanham a projeção de colheita indicada nesta sexta-feira (23/5) pela consultoria Safras & Mercado sobre a safra 2025/26. De acordo com o levantamento semanal, os trabalhos de campo avançaram consideravelmente, e até o dia 21 de maio chegaram a 13% da produção nacional colhida — um salto de seis pontos percentuais em relação à semana anterior.
Apesar do progresso, o ritmo dos trabalhos segue abaixo do registrado no mesmo período de 2024, quando 15% da safra já estava colhida. A média dos últimos cinco anos também é de 15% nesta época do ano. A diferença, no entanto, vem diminuindo, favorecida pelas boas condições climáticas.
“Os trabalhos ganharam mais ritmo, com a maioria dos produtores iniciando a colheita. Os resultados preliminares mantêm a previsão de uma safra grande, especialmente no Espírito Santo”, afirma Gil Barabach, consultor da Safras, em nota.
É o conilon que tem garantido os percentuais de avanço. O grão, cultivado principalmente no Espírito Santo e no sul da Bahia atingiu 20% da produção colhida até o dia 21 de maio, ainda que abaixo dos 22% registrados em 2024 e da média quinquenal de 24%.
Já a colheita do arábica segue em ritmo mais lento, como é habitual nesta fase do ciclo. Até o momento, foram colhidos 9% da produção, patamar inferior aos 11% de 2024 e à média de 10% dos últimos cinco anos.
“O baixo percentual colhido e beneficiado ainda não permite uma avaliação mais precisa do perfil inicial da safra”, avalia Barabach.