Levantamento feito pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) com seus associados, mostra que o país deixou de exportar 737,6 mil sacas de café em abril. Desse modo, os exportadores tiveram prejuízo de R$ 6,657 milhões devido a gastos imprevistos com armazenagem adicional.
Em comunicado, a entidade disse que as dificuldades logísticas permanecem mesmo em um período de entressafra para produtos escoados via contêiner, o que, em tese, gera um desafogo nos principais portos do país.
Desde o início do levantamento realizado pelo Cecafé, em junho de 2024, os exportadores associados à entidade acumulam um prejuízo de R$ 73,233 milhões com esses custos extras em função da estrutura defasada nos principais portos de escoamento do produto no Brasil.
A impossibilidade do embarque desse volume de café também impediu que o país recebesse US$ 328,60 milhões, ou R$ 1,900 bilhão, como receita cambial em suas transações comerciais somente em abril deste ano, considerando o preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 445,47 por saca (café verde) e um dólar de R$ 5,7831 na média do mês passado.
O diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, reforça o discurso de que são importantes os anúncios que o poder público vem fazendo sobre investimentos em infraestrutura, como o leilão do Tecon Santos 10, a concessão do canal de entrada marítima ao porto, o túnel de ligação Santos-Guarujá e a terceira via de descida da Rodovia Anchieta para a baixada santista, mas que essas medidas precisam de agilidade para serem implementadas.
“Essas melhorias propostas levarão cerca de cinco anos para serem entregues, considerando condições normais na tramitação. No entanto, a ideia de restringir a participação ampla de interessados no leilão do Tecon Santos 10, incluindo armadores, não faz o menor sentido, pois cria dificuldades ao processo, com eventuais judicializações, o que tornaria ainda mais lento o leilão do terminal, levando as empresas que atuam no comércio exterior a acumularem ainda mais prejuízos com as despesas logísticas”, destacou, em nota.
Além do impacto negativo aos exportadores, Heron recorda que o produtor brasileiro de café também é prejudicado com esses entraves na infraestrutura portuária.
“O Brasil é o país que mais repassa o preço FOB da exportação ao cafeicultor, a uma média, em 2024, de 88,3% aos que cultivam arábica e de 96,5% aos que produzem canéfora (conilon + robusta). Quando não conseguimos exportar nossos cafés devido à não concretização dos embarques por falta de infraestrutura portuária, também deixamos de repassar mais receita aos nossos produtores, que são trabalhadores exemplares no cultivo de cafés sustentáveis e de muita qualidade a todo mundo”, destacou.
O diretor Técnico do Cecafé recorda, ainda, que os impactos logísticos e os prejuízos causados aos exportadores de café evidenciam o esgotamento da infraestrutura portuária, e a necessidade de se avançar no leilão do Tecon Santos 10 “para que tenhamos melhor estrutura, oferta de capacidade e eficiência no Porto de Santos, evitando, ou pelo menos mitigando, os elevados prejuízos ao setor e o menor repasse aos produtores”, finalizou o dirigente.