Embora o sol seja amplamente reconhecido como um fator de risco para quem vive com lúpus, uma forma menos conhecida, porém relevante, de exposição à luz também pode trazer consequências importantes: a luz artificial. A exposição prolongada a lâmpadas e telas de dispositivos eletrônicos pode agravar os sintomas da doença autoimune, impactando diretamente a qualidade de vida.
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune em que o sistema imunológico, que normalmente protege o organismo contra ameaças externas, passa a atacar os próprios tecidos e órgãos do corpo. Essa condição pode afetar diversas partes do organismo, como as articulações, a pele, os rins, o sangue, o cérebro, o coração e os pulmões. Trata-se de uma enfermidade grave que, se não for tratada adequadamente, pode ser fatal.
Estima-se que cerca de 150 mil a 300 mil brasileiros convivam com o lúpus. A doença atinge pessoas em qualquer idade, porém as faixas de 20 e 45 anos são as mais afetadas, segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR).
Gatilho silencioso
A maioria das pessoas com lúpus sabe da necessidade de evitar a exposição solar direta. No entanto, o que muitos desconhecem é que a exposição prolongada a luz artificial, como lâmpadas e telas, também pode provocar reações semelhantes às causadas pela radiação ultravioleta do sol.
“A exposição contínua à luz artificial pode atuar como um gatilho inflamatório para o paciente com lúpus, principalmente quando essa exposição ocorre sem proteção adequada”, explica a reumatologista Cláudia Goldenstein Schainberg.
Segundo a especialista, pessoas que trabalham em escritórios com iluminação intensa ou passam muitas horas diante de computadores, celulares ou televisores devem tomar precauções. “O uso de filtros protetores para telas, roupas com fator de proteção UV e filtros solares mesmo em ambientes fechados pode ajudar a prevenir surtos da doença”, recomenda.
Além de medidas físicas, como o uso de óculos com proteção contra luz azul e a escolha de ambientes com iluminação mais suave, é importante que as pessoas sejam orientadas por seus médicos a reconhecerem os sinais precoces de crise desencadeada por exposição à luz.
Os sinais da doença podem se manifestar de diversas formas. Os mais comuns incluem sensação de fadiga, febre baixa, redução do apetite e emagrecimento. A reumatologista acrescenta que, além desses sintomas, podem surgir alterações na pele, dores articulares acompanhadas de inchaço e dificuldades respiratórias.
“É fundamental que o acompanhamento médico leve em conta o estilo de vida do paciente e oriente sobre como adaptar seu cotidiano para reduzir riscos, inclusive dentro de casa ou no trabalho”, afirma Cláudia. A conscientização sobre o impacto da luz artificial no lúpus ainda é recente, mas ganha cada vez mais atenção e investigação.