O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) alfinetou a Lei Rouanet nesta segunda-feira (6), após a atriz brasileira Fernanda Torres ganhar o prêmio de Melhor Atriz de Drama no Globo de Ouro de 2025.
Bolsonaro publicou um vídeo de um outro usuário reclamando da “indústrias das balsas” em Goiânia.
“Parece vídeo repetido, mas não é. Outro brasileiro denunciando a volta da INDÚSTRIA DAS BALSAS. O investimento na infraestrutura é rechaçada pela gestão Lula e coincidentemente jamais cobrada conclusão por outros de outrora. Enquanto isso, a Rouanet…”, escreveu Bolsonaro.
No vídeo, ainda há a legenda: “Será que os 18 bi da Lei Rouanet daria pra fazer duas cabeceiras?”.
“Ainda Estou aqui”, que rendeu a estatueta a Torres, não foi um dos beneficiados pelos recursos da Lei Rouanet. A legislação não permite que verbas sejam destinadas para longas-metragens.
Lei Rouanet
Criada em 1991, a Lei Rouanet — que recebe o nome em homenagem a Sérgio Paulo Rouanet, secretário de Cultura da Presidência da República entre os anos 1991 e 1992 — tem o objetivo de captar e dirigir recursos para o setor cultural.
O Ministério da Cultura (Minc) é responsável por acompanhar a execução dos projetos.
As propostas são enviadas por gestores, produtores, artistas e instituições, e precisam cumprir requisitos para receberem autorização para a captação de recursos, que partem de patrocinadores ou doares, e não do governo.
Em 2024, o Minc atingiu o recorde de 19.129 propostas submetidas à Lei Rouanet.
Vitória de Fernanda Torres
Fernanda Torres, de 59 anos, levou a estatueta do Globo de Ouro por seu trabalho no filme “Ainda Estou Aqui”, do diretor Walter Salles. A atriz superou nomes como Nicole Kidman (“Babygirl”) e Tilda Swinton (“O Quarto Ao Lado”).
O longa brasileiro é uma adaptação do livro homônimo escrito por Marcelo Rubens Paiva, conhecido por “Feliz Ano Velho” — sucesso de vendas nos anos 1980.
A história se passa na década de 1970, durante a ditadura militar no Brasil, e acompanha a trajetória da família Paiva, composta por Rubens (Selton Mello), Eunice (Fernanda Torres) e seus filhos.
A vida da família se transforma quando Rubens Paiva é levado por militares à paisana e some sem deixar rastros. Eunice então dedica décadas em busca de respostas sobre o paradeiro do marido.
Bolsonaro, que já homenageou coronéis da ditadura, como Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi, mencionou a família Paiva em sua biografia “Mito ou Verdade: Jair Messias Bolsonaro”, escrita pelo filho, Flávio Bolsonaro.
No livro, ele conta que passou a adolescência em Eldorado Paulista (SP), no Vale do Ribeira. A família Paiva, liderada por Jaime Paiva, era dona da Fazenda Caraitá, grande símbolo de poder econômico e social da cidade. O ex-presidente, que originou-se de uma família humilde, revela que a diferença de classe o incomodava.
“Parte considerável do território da cidade de Eldorado Paulista era de domínio particular, uma fazenda enorme chamada Caraitá — que hoje seria um latifúndio”, diz trecho do livro.