Os bois-bumbás Caprichoso e Garantido divulgaram uma nota conjunta, na manhã desta quarta-feira (18), onde rebatem a atuação do Governo do Amazonas no edital divulgado nesta semana para venda de ingressos para o Festival de Parintins 2025.
Além da nota, os bois enviaram uma notificação extrajudicial ao governo do AM, solicitando a paralisação imediata do edital que trata da comercialização dos bilhetes.
Na nota, assinada em conjunto por Rossy Amoedo, presidente do Boi Caprichoso, e Fred Goes, presidente do Boi Garantido, os bois-bumbás dizem que “não reconhecem a legitimidade da publicação do Edital de Dispensa de Licitação nº 007/2024, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, que determina unilateralmente a contratação de uma empresa para gerir a venda de ingressos do Festival de Parintins 2025.”
Notificação extrajudicial
Na notificação enviada para o governo do Amazonas, Caprichoso e Garantido alegam que “a comercialização de ingressos para o Festival de Parintins é de propriedade exclusiva e responsabilidade de Garantido e Caprichoso, conforme contratos privados firmados no exercício de sua autonomia jurídica, respaldada no direito de arena e na propriedade intelectual sobre suas apresentações.”
Os bois dizem, ainda, que a administração estadual “não é proprietária das propriedades intelectuais das apresentações, não possui qualquer nível de ingerência em sua produção ou realização e muito menos possui os meios de garantir sua realização sem anuência e participação dos bumbás.
Entenda a briga pela venda dos ingressos
A venda de ingressos para o Festival de Parintins é feita, há anos, pela empresa amazonense Amazon Best, sempre com anuência e concordância de Caprichoso e Garantido, com os quais a empresa tem um contrato assinado.
Na semana passada, o Ministério Público do Amazonas ingressou com uma Ação Civil Pública solicitando a suspensão da venda de ingressos para a edição 2025 do Festival de Parintins, que ainda não começou, “até que sejam asseguradas condições mais justas e equilibradas.”
Nesta terça-feira (17), o governo do Amazonas divulgou um edital para selecionar uma nova empresa para ser responsável pela parte comercial dos ingressos. Os bois alegam que a decisão foi tomada unilateralmente pela administração estadual, sem consulta e concordância dos associações culturais.
Um dos pontos destacados pelo MP é a “venda casada” de ingressos para o Festival. A atual responsável pela venda só comercializa ingressos conjuntos para as três noites do evento. Até 2024, ao menos, não era possível comprar por meios oficiais para apenas uma das noites.
A CNN solicitou um posicionamento do Governo do Amazonas sobre o caso e aguarda resposta. Abaixo, a íntegra da nota conjunta divulgada pelos bois Caprichoso e Garantido.
Nota conjunta – Caprichoso e Garantido
As Associações Boi-Bumbá Garantido e Boi-Bumbá Caprichoso vêm a público manifestar que não reconhecem a legitimidade da publicação do Edital de Dispensa de Licitação nº 007/2024, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Amazonas, que determina unilateralmente a contratação de uma empresa para gerir a venda de ingressos do Festival de Parintins 2025.
A decisão, tomada sem consulta ou anuência das agremiações que protagonizam o festival, representa uma grave violação à autonomia das Associações Responsáveis Legais pela execução dos espetáculos dos Bois Garantido e Caprichoso.
A comercialização de ingressos é uma atribuição exclusiva das associações, sendo indispensável para o financiamento dos espetáculos executados no bumbódromo. Este ato desrespeita décadas de tradição e compromete a essência do maior festival folclórico do Brasil.
A medida retira das associações o controle sobre uma das principais fonte de recursos para a produção do espetáculo, ameaçando diretamente a viabilidade do evento e a dignidade dos trabalhadores, artesãos e artistas que dão vida a esse espetáculo.
Além disso, o modelo imposto prejudica diretamente a parceria das associações junto a patrocinadores que, há anos, apoiam o festival.
Reafirmamos que o Festival de Parintins é mais do que um evento: é um patrimônio cultural do povo amazonense, construído pelo esforço coletivo das Nações Vermelha e Azul. Não aceitaremos que decisões unilaterais e alheias às nossas realidades coloquem em risco a grandeza e a autenticidade do festival.
O processo deve ser imediatamente suspenso e o diálogo deve prevalecer para assegurar o respeito às tradições, à autonomia e à cultura dos Bois Garantido e Caprichoso.