A revolução em curso no mercado de pagamentos brasileiro tem influenciado o desempenho de empresas de diferentes portes, oferecendo uma gama extensa de métodos, prazos e flexibilizando o controle do fluxo de caixa.
É o caso do Pix, sistema de pagamentos instantâneos lançado pelo Banco Central há quatro anos e que rapidamente se tornou um dos métodos mais utilizados pela população: em 2023, o Pix cresceu 58%, tornando-se o meio de pagamentos mais popular do país. Apenas nos primeiros seis meses de 2024, o salto no número de transações foi de 61%.
Nesse cenário, a variedade de métodos de pagamento beneficia não apenas os consumidores, mas também lojistas que se apoiam na variedade para atingir diferentes tipos de público.
Entre as pequenas e médias empresas, essa diversidade e também a oferta do Pix promete agilidade e redução de custos, em especial em épocas de picos de vendas, como é o caso da Black Friday, que acontece em novembro.
Em pesquisa encomendada pelo Serasa ao Opinion Box, 36% dos brasileiros afirmaram ter intenções de comprar algo na data, o que reforça a necessidade de PMEs incluírem a Black Friday em seu calendário de vendas.Play Video
Agilidade do Pix, parcelamento do cartão de crédito
O cartão de crédito segue como o método de pagamento preferido da população, que indica o parcelamento como a razão por essa preferência.
É nesse contexto em que a inserção de novos meios, igualmente capazes de oferecer o pagamento de compras a prazo ganham destaque, como é o caso do Pix parcelado, que permite o pagamento de parcelas pelo sistema instantâneo.
Um mapeamento da fintech Koin buscou compreender o uso do Pix parcelado por compradores, e a sua compreensão sobre o funcionamento do método.
De acordo com a pesquisa, 69% das pessoas já ouviram falar do Pix parcelado, e 32% já utilizaram em diferentes contextos, incluindo o de compras não programadas e contas correntes zeradas no momento da transação.
A inovação, apesar de ainda não ter sido lançada oficialmente pelo Banco Central, já mobiliza grandes instituições financeiras e fintechs.
É o caso da Koin, que aposta no Buy Now Pay Later (BNPL), implementando o Pix parcelado para compradores que querem abrir mão do uso massivo do cartão de crédito.
“Hoje o Pix parcelado é o que nos permite dar poder de compra extra às pessoas e democratizar o crédito no Brasil”, avalia Lucas Gonzalez, diretor de estratégia e produto da Koin.
O Pix parcelado surge como uma alternativa aos juros rotativos do cartão de crédito, além de permitir que compradores não comprometam o limite do próprio cartão ao parcelar uma compra.
Sendo assim, a Koin oferece pequenas linhas de crédito a consumidores por meio de um aplicativo próprio e também parcerias com grandes lojas, que disponibilizam a fintech como um dos métodos de pagamento no momento final da compra a clientes que desejam parcelar.
A atenção ao sistema de pagamentos se justifica pelos números, afirma Gonzales.
“Hoje, nos comércios, aproximadamente entre 15% e 20% das transações são em Pix. Então além de ser fundamental em termos de conveniência e custo para PMEs, é fundamental porque os clientes finais já se acostumaram a pagar com Pix”, avalia.
Uma pesquisa da própria Koin mostrou que 25% dos 100 maiores e-commerces nacionais oferecem BNPL como opção de pagamento.
A empresa também estima que o mercado brasileiro de BNPL alcançará dois dígitos nos próximos cinco anos, totalizando US$ 10 bilhões em volume transacionado.
Mais do que inclusão financeira e agilidade, as inovações aplicadas ao sistema de pagamentos instantâneos têm permitido que múltiplas fintechs ganhem espaço no mercado e decidam agir por conta própria na corrida pelo lançamento de funcionalidades para que os empreendedores possam se beneficiar do Pix.
É o exemplo da Ume, fintech de crédito para o pequeno e médio varejo, que também tem apostado no Pix parcelado para ganhar espaço no mercado brasileiro.
Com um sistema de aprovação instantâneo de linhas de “microcrédito” para consumidores, a Ume permite o parcelamento de compras em até 4 vezes por meio do Pix em lojistas parceiros.
“O Pix parcelado traz ainda mais benefícios financeiros e operacionais para os varejistas, uma vez que o modelo de cartão de crédito possui custos elevados e um sistema de pagamento arcaico, envolvendo bandeiras, adquirentes e bancos. Com o Pix parcelado, o varejista tem uma alternativa mais moderna e econômica para facilitar as vendas”, afirma Berthier Ribeiro, fundador da Ume.
Pix e Black Friday
Para lojistas, a falta de vínculo com maquininhas (e suas respectivas taxas) é uma das principais vantagens da adoção do Pix, aponta Alexandre Uehara, especialista em inovação e transformação digital e ex-membro da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
“Quando falamos de pequenos empreendedores, o Pix tem muito a ver com as vantagens para o fluxo de caixa, devido ao processamento em segundos, e também a redução de taxas”, diz.
Na Black Friday, o Pix desempenha um importante papel ao auxiliar lojistas a manter a eficiência nas vendas, evitando possíveis gargalos.
“Essa agilidade do Pix ajuda os empreendedores a ter caixa, e evitar gargalos seja no e-commerce ou na loja física. Sabemos que é uma data esperada durante o ano inteiro, então é importante que empreendedores estejam preparados para conseguir dar essa vazão”, afirma.
Uehara também destaca a possibilidade de fidelização de clientes, que estreitam o relacionamento com a loja a partir da flexibilização das opções de pagamento para além do comprometimento de limites do cartão de crédito.
Se de um lado a fidelização acontece por incluir uma parcela da população ainda desassistida pelas instituições tradicionais de concessão de crédito, a adoção do Pix também permite aos lojistas estreitar vínculos com seus clientes mais exigentes, elevando o nível de satisfação ao reduzir o tempo de processamento, faturamento e entrega de um produto via e-commerce, por exemplo.
Com as menores taxas de transação, os empreendedores também podem investir capital para melhoria em infraestrutura e logística, tornando suas operações ainda mais azeitadas para temporadas de pico de vendas, como é o caso da Black Friday, avalia Gonzales, da Koin.
“Durante a Black Friday, uma estratégia comum é a de incentivar o pagamento em pix e, em troca, oferecer descontos, condições diferenciadas no frete, entre outras coisas. E o valor ali economizado será reinvestido no negócio”, avalia.
Já o Pix parcelado, por sua vez, pode servir não apenas como método de pagamento ao cliente final, mas como alternativa para empreendedores que precisam adquirir produtos e preparar o estoque para a data.
Sem o orçamento comprometido em cartões de crédito e os intermediários envolvidos neste mercado (como bandeiras, adquirentes e bancos), lojistas podem até mesmo adaptar o preço dos produtos, elevando o tíquete-médio na data, explica Uehara.
“Sem intermediários, o empreendedores pode aumentar sua margem”, diz Uehara.
Para o especialista, a série de benefícios trazidos pelo Pix torna fundamental que os empreendedores estejam atentos às principais inovações esperadas para o mercado de pagamentos, o que inclui novos recursos para o Pix a serem lançados no futuro próximo (como o Pix por aproximação e o Pix garantido) e novos métodos sendo criados e popularizados por bancos e fintechs.
“As inovações reais serão aquelas transparentes para as PMEs. Sejam elas uma IA generativa, um IoT ou um blockchain. Qualquer tecnologia deve ser transparente pois, no final do dia, as empresas buscam mais caixa e lucratividade. Por isso, há muito espaço para bancos e fintechs explorarem maneiras de ajudar as empresas, tendo tecnologia por trás”, conclui.