O volante da Seleção Brasileira João Gomes abriu o jogo no final de julho e falou sobre uma questão delicada enfrentada por ele: a gagueira. Em um vídeo compartilhado pelo Wolverhampton, clube em que joga, o atleta contou como enfrenta a condição que afeta sua fala desde a infância.
“Antes isso era algo que me entristecia muito. Meio que me bloqueava, sabe? Eu sempre quis me expressar, só que me sentia bloqueado. Eu me sentia inferior. Hoje em dia já estou muito mais feliz, e principalmente me aceito mais. Tenho mais coragem em falar, de me expressar. Claro que eu tenho um tempo diferente de comunicação, mas isso são as pessoas que têm que respeitar”, disse o atleta.
O que é gagueira?
A gagueira é uma condição que afeta a fluência da fala e é caracterizada por repetições, prolongamentos ou interrupções involuntárias de sons, sílabas ou palavras. Por causar dificuldade de comunicação, ela pode ter um impacto significativo na vida de uma pessoa, afetando sua autoconfiança.
“A gagueira, assim como qualquer outra alteração da comunicação, tem um grande impacto no dia a dia e com sobretudo na autoestima da criança, adolescente e ou adulto. A dificuldade em manter uma comunicação fluente deixa a pessoa mais retraída e muitas vezes leva ao isolamento social. A insegurança aumenta e a dificuldade de comunicar-se também. Iniciar o processo de terapia o quanto antes e manter este processo é sempre a melhor escolha”, explica a fonoaudióloga Fernanda Santos.
A causa da gagueira é multifatorial, o que significa que ela é resultado de uma combinação fatores como genéticos e neurológicos. Alterações na coordenação entre as áreas do cérebro responsáveis pela fala podem contribuir para a gagueira. Fatores ambientais, como situações de estresse ou pressão social, também podem agravar a condição.
Como é o tratamento?
O tratamento da gagueira é individualizado, ou seja, varia de paciente para paciente e leva em consideração a idade da pessoa, a gravidade da condição e suas necessidades específicas. Entre os tratamento mais comuns estão:
- Terapia fonoaudiológica: um fonoaudiólogo pode trabalhar com o paciente para desenvolver técnicas de fluência de fala e estratégias de comunicação;
- Apoio psicológico: em muitos casos, a gagueira pode estar associada a questões emocionais, por isso fazer acompanhamento com um psicólogo pode ajudar a pessoa a lidar com a ansiedade e a baixa autoestima que podem acompanhar a condição;
- Medicamentos: embora não haja uma medicação específica para a gagueira, alguns medicamentos que atuam no sistema nervoso podem ser prescritos para reduzir os sintomas em casos específicos.
“A gagueira tem tratamento. Na fonoaudiologia são feitos exercícios de velocidade em que o paciente aprende a falar e ler mais devagar. Além disso, pode ser feito tratamento para ansiedade, relaxamento do corpo e da mente e redução de tensão muscular”, acrescenta Juliana Santarosa, chefe de serviço da Fonoaudiologia do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).
Veja mitos e verdades sobre a gagueira
Existem muitos mitos sobre a gagueira, que podem dificultar a compreensão e a aceitação da condição. Veja alguns dos mitos mais comuns sobre a gagueira:
- Mito: a gagueira é causada por nervosismo ou ansiedade;
- Verdade: a gagueira é um distúrbio neurológico com uma base genética;
- Mito: as pessoas que gaguejam são menos inteligentes;
- Verdade: a gagueira não está relacionada à inteligência;
- Mito: a gagueira “passa” com o tempo e não precisa de tratamento;
- Verdade: não há cura rápida para a gagueira. O tratamento geralmente envolve um processo contínuo de terapia e trabalho de fala.