Tocantins e Goiás são os dois estados brasileiros com maior potencial de mercado, segundo o Ranking de Competitividade dos Estados de 2024, divulgado nesta quarta-feira (21).
O estudo analisou dez eixos temáticos para classificar os estados de modo geral e por região. Os dados foram compilados pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com Seall e Tendências Consultoria.
Segundo a pesquisa, o “potencial de mercado” é um parâmetro que mede a capacidade de expansão e desenvolvimento em longo prazo dos estados.
Nesse pilar, os pesquisadores consideram o tamanho do Produto Interno Bruto (PIB) de cada estado, a dinâmica do crescimento econômico nos últimos quatro anos e o crescimento potencial da força de trabalho para os próximos dez anos.
Também são analisados indicadores relacionados ao mercado de crédito, como o comprometimento de renda, qualidade de crédito para pessoa física, volume de crédito e inadimplência.
Nessa edição, ficou mais evidente que o agronegócio foi o principal dado desagregado que influenciou na colocação de Goiás e Tocantins no ranking.
Para Tadeu Barros, diretor-presidente do CLP, o setor exerceu um papel fundamental na evolução destes estados na classificação.
“O agronegócio tem um papel fundamental para esse crescimento. Escutamos muito sobre a capacidade do agro em ser uma das grandes potencialidades do Brasil. Goiás mostra isso com perfeição e vem ganhando pujança”, disse à CNN.
“Tocantins, mesmo estando na região Norte, está muito ligado ao Centro-Oeste. Também conta com esse histórico do agro e aí o potencial de mercado aparece de uma forma muito significativa”, acrescentou.
Em entrevista à CNN, o secretário estadual de Indústria, Comércio e Serviços de Goiás, Joel de Sant’Anna Braga Filho, disse que, além do agronegócio, há também a importância da industrialização para o crescimento do estado.
“Embora a agropecuária seja a nossa força mais evidente, definitivamente não é a única. A industrialização em Goiás vem avançando a passos largos, sustentando a nossa economia quando o agro passa por períodos difíceis ou temporadas mais fracas”, disse.
Por meio de fundos estaduais, a infraestrutura dos estados também pode ser melhor com os impostos pagos pelo agronegócio, segundo especialistas ouvidos pela reportagem.
Marcelo Guaritá, membro do Comitê de Leis e Regulamentos da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e sócio do Peluso, Stüpp e Guaritá Advogados, destacou o Fundo Estadual de Infraestrutura, uma contribuição paga pelos agricultores de Goiás, que é destinada à melhoria da logística agropecuária do estado.
“Funciona como uma espécie de condicionante para a aplicação/utilização de benefícios ou incentivos fiscais relacionados ao ICMS, como o diferimento e a substituição tributária, e da imunidade de exportações”, afirmou.
“A cobrança, que foi criada com o pretexto de melhorias nas estradas, conta com percentuais de recolhimento que variam conforme o tipo de produto envolvido, podendo chegar até a 1,65%, como nos casos de soja e minérios”, disse Guaritá.
Segundo o estudo, o tamanho da economia de um estado influencia na decisão de localização de investimentos das empresas, favorecendo a competitividade das maiores unidades da federação.
Conforme o texto, estados com economias mais dinâmicas criam mais oportunidades de investimento, gerando um ciclo de desenvolvimento econômico. O crescimento da população em idade de trabalho também é fundamental para o crescimento de longo prazo.
Além disso, de acordo com o levantamento, os indicadores de crédito são outro fator que impacta o investimento e consumo, sendo particularmente relevantes no contexto de alto endividamento da população.
O peso do pilar “tamanho de mercado” no ranking geral é reduzido para evitar que estados maiores, como São Paulo, tenham vantagem excessiva, resultando em impacto limitado no ranking.
Por isso, por exemplo, o estado de Roraima está em terceiro lugar nesse pilar — embora na nota geral esteja na última posição, pois não pontuou bem em outros pilares.