Entre os dias 31 de dezembro de 2023 e 13 de julho deste ano, as unidades de saúde da cidade de São Paulo atenderam 483 casos de possível intoxicação por canabinoides sintéticos. Destes, 465 foram confirmados, o que representa uma média superior a duas notificações por dia na capital paulista.
Segundo a Prefeitura, em 72,3% dos casos atendidos, os pacientes conseguiram ser curados sem sequelas. Em contrapartida, seis pessoas morreram em decorrência da intoxicação neste período. As vítimas possuíam entre 22 e 29 anos de idade.
Os canabinoides sintéticos são substâncias utilizadas na composição de drogas capazes de produzir efeitos psicoativos e tóxicos a partir da ligação nos receptores canabinoides em humanos.
Estas drogas, popularmente chamadas de “maconha sintética”, “supermaconha”, “drogas K”, entre outros apelidos, são produzidas em laboratórios clandestinos, “sem qualquer controle de qualidade e seus efeitos incidem de forma muito mais intensa e nociva sobre o organismo do que a maconha produzida naturalmente”, de acordo com relatório da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
Perfil dos pacientes paulistanos
No período analisado, do total de 483 pessoas atendidas na capital paulista com suspeita de intoxicação por drogas sintéticas, 67,7% são pardas ou pretas. Veja a distribuição por cor/raça:
- 244 pardos
- 136 brancos
- 83 pretos
- 6 amarelos
- 1 indígena
- 13 não tiveram a raça/cor especificada
A grande maioria dos pacientes com esse tipo de intoxicação é comporta por homens, que representam 79,9% do total.
A faixa etária entre 20 e 34 anos foi amais atendida com esse diagnóstico na cidade, com 285 casos reportados neste grupo. Há também 107 registros em pessoas com 15 a 19 anos.
O maior número de atendimentos foi realizado na zona leste da cidade. Confira a distribuição geográfica:
- Zona leste – 241 casos (49,9%)
- Zona norte – 84 casos (17,4%)
- Zona sudeste – 81 casos (16,8%)
- Zona sul – 50 casos (10,4%)
- Centro – 22 casos (4,6%)
- Zona oeste – 5 casos (1%)
Nova droga
Um recente estudo realizado por pesquisadores da USP e Unicamp revelou a chegada e a crescente apreensão de nitazeno, um potente grupo de opioides sintéticos, no Brasil. A substância foi encontrada na composição da chamadas “Drogas K” vendidas ilegalmente em São Paulo.
“Os nitazenos são substâncias que foram sintetizadas com o objetivo de servirem como medicamentos, mas nunca foram usados para esse propósito, justamente pelo fato de ter sido constatado antecipadamente seu alto potencial de causar dependência e morte. Nitazenos são opioides cerca de 500 vezes mais potentes que a heroína”, diz Maurício Yonamine, professor de toxicologia da faculdade de ciências farmacêuticas da USP.
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