Mais de 16 milhões de domicílios brasileiros consomem conteúdo pirata hoje em dia, segundo levantamento da Aliança Contra a Pirataria de Televisão Paga (Alianza).
Ao se aventurar na pirataria, o presidente da Alianza, Jorge Bacaloni, alerta que o consumidor coloca toda a cadeia em risco, desde a produção até ele próprio.
Com a proporção na qual a pirataria é disseminada no país — 38,4% dos lares conectados em canais ilegais —, a Alianza estima que o país perca cerca de R$ 3,4 bilhões em arrecadação, enquanto a indústria nacional tem de arcar com prejuízos de R$ 19,14 bilhões.
No fim, isso acaba com cerca de 60 mil empregos formais no país, segundo a Alianza.
De acordo com a organização, a maior parte desse consumo é voltada a transmissões gratuitas de partida de futebol. Bacaloni alerta que ao fazer isso, antes mesmo de afetar as empresas, o torcedor está afetando o próprio time do coração.
“Quando um torcedor vê uma partida ilegalmente, ele está tirando dinheiro do seu time, visto que os ganhos com a produção dessas transmissões está diretamente vinculada à receita dos clubes”, aponta Bacaloni.
“Há clubes pequenos que 90% ou mais da sua receita vem de direitos audiovisuais. Há outros que têm maior diversidade [de receita]. Clubes grandes podem fazer merchandising, vender mais ingressos para as partidas, ter um programa de sócios, mas essa não é a realidade de todos. Na verdade, de poucos.”
Diferentemente da pirataria com filmes, quando a pirataria envolve eventos ao vivo, o dano é na hora, direto no único meio de arrecadação. Por fim, isso pode impactar não só na capacidade da empresa de manter a qualidade de seu produto, como no preço.
“O valor do produto está diretamente relacionado aos custos. Cobrir esses custos depende da arrecadação do mercado. Logo, pode haver um impacto nesse sentido [de o produto ficar mais caro por conta da pirataria]”, reflete o presidente da Alianza.
Impacto no consumidor
Além de afetar o produto, a pirataria pode atacar diretamente o consumidor.
Seja em sites de futebol ou filmes supostamente gratuitos, as páginas são repletas de pop-ups com propagandas que pedem para ser clicadas.
“Esses canais de transmissão gratuita dizem ser financiados por publicidade. Mas essas propagandas vem de outros canais que também são ilegais, como apostas, pornografia. Cria-se um clima de ilegalidade”, observa Bacaloni.
O clique nessas propagandas pode acabar levando o consumidor a um buraco mais profundo do que conteúdos duvidosos. Muitos desses pop-ups acabam baixando nos dispositivos programas, como malwares e vírus que roubam os dados das pessoas.
“O pirata é um delinquente, e a única coisa que busca é enriquecer. E hoje, não falamos de um delinquente como pessoa individual, falamos de organizações criminosas muito desenvolvidas e que ganham muito dinheiro. Na busca por rendimento, ele não se preocupa com o usuário”, alerta o presidente da Alianza.
Nesse sentido, Bacaloni reforça que o combate à pirataria por agentes como a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) visa, antes mesmo de proteger propriedades intelectuais, “proteger o consumidor, que é muito mais vulnerável”.
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