A deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) negou, nesta quarta-feira (24/9), que ficou foragida na Itália e se disse exilada. A parlamentar, que estava foragida da Justiça desde que deixou o Brasil, em maio, foi condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) junto ao hacker Walter Delgatti Neto.
“Eu não estou foragida, eu estou exilada. A prisão que estou é administrativa, não é uma prisão por eu ter cometido algum crime aqui na Itália. Nós já estamos em processo de definir se o processo que eu sofri aí foi justo ou injusto, que é mais ou menos o que também a CCJ está fazendo. Não é só uma questão de ter feito ou não ter feito, é se foi justo ou foi injusto”, declarou.
Zambelli presta depoimento na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, no âmbito do processo que pode levá-la a perder o mandato por condenação criminal. Ela está presa na Itália, onde aguarda o julgamento do pedido de extradição para o Brasil.
“Eu estou muito tranquila em saber que em pouco tempo eu não vou estar mais dentro de um presídio. Vou estar solta, liberada, porque o processo foi todo injusto, do começo até o final”, previu a parlamentar.
Zambelli também defendeu que não contratou diretamente Walter Delgatti Neto. O hacker, no entanto, declarou em depoimento na CCJ que a bolsonarista prometeu trabalho a ele se invadisse o sistema do CNJ, mas que “foi enrolado”, e Zambelli apenas fez alguns depósitos bancários como “ajuda de custo”.
Delgatti também afirmou que foi a deputada que “exerceu comando direto sobre os crimes” e que, “se não fosse pela deputada”, ele “nunca teria invadido o sistema”.
Ele também disse que foi ela quem aprovou a inserção de um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes no sistema do CNJ. O documento serviria para provar que o sistema era vulnerável, corroborando para a tese de que as eleições de 2018 foram fraudadas.
Cassação de Zambelli
Além da condenação, os ministros do Supremo também determinaram que a deputada licenciada perca o mandato parlamentar.
O processo tramita na CCJ e, posteriormente, será analisado e votado pelo plenário da Câmara.
Há duas semanas, o colegiado começou a ouvir as testemunhas indicadas pela defesa da deputada licenciada. Delgatti foi o primeiro a depor.
Na última quarta-feira (17/9), quem depôs foi o ex-assessor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Eduardo Tagliaferro. Segundo ele, Moraes pedia, por meio dos juízes auxiliares, relatórios sobre as redes sociais da deputada.
O perito chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no TSE entre agosto de 2022 e maio de 2023, quando a Corte era presidida por Moraes.