Criatividade e manutenção são as palavras de ordem no Corinthians para o período de abertura da janela de transferências. A afirmação é do executivo de futebol Fabinho Soldado, responsável por negociar com possíveis reforços e convencer os principais jogadores do elenco a permanecerem no clube em caso de propostas da Europa.
Em entrevista ao ge, concedida no dia 6 de junho, Soldado reconheceu haver carências no elenco, explicou a busca por um atacante com características de drible e velocidade e prometeu fazer jogo duro com as equipes interessadas em contratar os jogadores do Timão.
– Yuri Alberto, Memphis, Breno Bidon, Rodrigo Garro são jogadores que certamente têm mercado. É claro que deve aparecer alguma coisa, mas não chegou nada para sentarmos e conversarmos. Para um clube sentar conosco e levar algum dos jogadores desse nível tem que valer a pena. Essas propostas não chegam toda hora porque não é qualquer clube que tem condições de fazer isso – avisou Fabinho.
A janela de exceção para a Copa do Mundo de Clubes será encerrada nesta terça-feira, e a abertura da janela regular está prevista para o dia 10 de julho com encerramento em 2 de setembro.
Veja, na íntegra, a entrevista com Fabinho Soldado:
Houve uma conversa específica com o Dorival para tratar de reforços e/ou posições carentes do elenco?
– Estou todos os dias com o Dorival conversando e há momentos em que fazemos uma reunião pontual com todos. Quem são esses todos? Os dois auxiliares, o treinador e o Renan e o Tiaguinho, do departamento de scout. Trabalhamos para alinhar possíveis carências. Neste momento, as carências estão definidas e começamos a apresentar opções ao treinador. Agora, a gente passa para o financeiro e para o presidente para sabermos se podemos viabilizar a condição de fazer as contratações. Estamos entendendo um pouco melhor o orçamento do clube, todos sabem que estamos passando por um momento delicado em relação ao financeiro e precisamos nos preparar de todas as formas.
– É o que falo para o departamento de scout: temos que ver jogadores que tenham investimento e ver jogadores que são oportunidades e estão em final de contrato. Essa é a nossa busca, não dá para se fechar só em uma situação. Fazer a aquisição de reforços seria maravilhoso, mas não é assim. Mais uma vez, temos que ser criativos. O departamento está preparado, capacitado para trabalhar em todas essas frentes.
Quais são as posições carentes?
– A posição que realmente podemos falar é a de um extremo, um ponta. Já era uma necessidade antiga nossa. O resto é analisar o momento, possibilidade, caso a caso e o que for acontecer. Eu gostaria de reforçar o elenco o tempo inteiro, mas precisamos saber que para reforçar você precisa investir. Tem a folha, você não pode sair (do orçamento).
Esse extremo que você cita é aquele cara com características de velocidade e drible parecidas com a do Wesley? Esse é o perfil?
– Sim, estamos buscando um jogador com características parecidas com essas que você citou. Não é fácil achar.
É possível dizer que será inevitável o Corinthians não negociar ninguém nessa janela?
– Vamos precisar entender o que pode chegar. A nossa ideia sempre foi a manutenção do elenco e continua assim. O melhor dos mundos é manter o que tem e melhorar aquilo que for possível.
Especula-se que, por conta do cenário de incerteza política, o Memphis Depay possa deixar o Corinthians na próxima janela de transferências. Essa é uma preocupação sua?
– Não posso ficar preocupado com uma situação que não chegou. Sei que as informações são disparadas para vocês (jornalistas), mas eu estou todos os dias com o Memphis aqui no CT. Ele nunca demonstrou insatisfação, nunca me chamou para falar nada. Se acontecer em algum momento, e falo isso para todos, vamos ter que sentar e ouvir. Não chegou nada para o Memphis. Você fala de especulação, mas como vou comentar isso? Não chegou nada.
– O que posso te dizer é o seguinte: uma das minhas funções como executivo de um grande clube como o Corinthians é estar preparado para tudo o que pode acontecer. Se chegar algo inesperado, precisamos ter a habilidade e o conhecimento para tomar as decisões. O futebol é muito dinâmico. Estamos falando de uma situação agora que pode ser outra daqui algumas horas. Preciso estar preparado, antenado e atento para ter a solução para uma demanda que a gente não está esperando, mas pode surgir no meio do caminho.
Há alguma conversa aberta com o Memphis para debater uma renovação contratual?
– Ainda não, mas é uma situação que já já precisaremos olhar. Não só com ele, mas há outros aqui que precisamos sentar e debater no momento certo. Agora não tem nenhuma conversa aberta com ele sobre isso. Não é o momento de falar sobre isso.
A informação que chegou ao ge é de que o Wolverhampton estaria disposto a pagar algo em torno de 35 milhões de euros pelo Yuri Alberto na próxima janela. Os ingleses entraram em contato com o Corinthians?
– Vou te dar a mesma resposta que dei na pergunta do Memphis, nada muda em relação ao que falei. Só vai mudar quando chegar algo. Vamos combinar que na janela passada vocês receberam a mesma informação: “vai chegar proposta”. Estou falando a verdade, isso é especulação. É claro que sabemos que é um jogador com alto valor de mercado, que os europeus estão acompanhando. Basta ver o quanto de gols ele faz, a minutagem em campo, a idade dele, a importância para o Corinthians. Mas, ele mesmo expressou o desejo de renovação.
E quanto ao Breno Bidon? É um nome que vira e mexe acaba sendo especulado em algum clube europeu…
– Vamos lá: Yuri Alberto, Memphis, Breno Bidon, Rodrigo Garro são jogadores que certamente têm mercado. É claro que vai ter alguma coisa. Agora, sobre o Corinthians, não chegou nada para sentarmos e conversarmos. Para um clube sentar conosco e levar algum dos jogadores desse nível tem que valer a pena. Essas propostas não chegam toda hora porque não é qualquer clube que tenha condições de fazer isso. Fala-se muito, mas não temos nada de concreto.
Recentemente, o Santos te procurou e você optou em ficar no Corinthians. O que motivou sua decisão?
– Era uma situação que estava acontecendo, mas teve também outras. Da minha parte, gosto de tratar isso com sigilo. Sou agradecido ao Corinthians, acredito no trabalho que está sendo desenvolvido aqui. Você ter seu trabalho reconhecido fora é gratificante. Tenho contrato, estou feliz no clube, minha família ama morar em São Paulo, minha filha tem amizades aqui. Isso pesa, você cria raízes. Minha família vai aos jogos na Arena, você se envolve com o torcedor, com a cidade. Agora, com o novo presidente (Osmar Stabile), você percebe que a confiança no trabalho permanece e isso é gratificante. Estamos em um momento delicado, é desafiador. Ninguém é insubstituível, mas sei que há confiança no meu trabalho. Não posso abrir mão disso.
No curto prazo, quais os próximos passos para o Corinthians?
– Continuar evoluindo. O torcedor tem dúvida do que está sendo feito? Tenho certeza que esse grupo vai buscar coisas boas e importantes neste ano. Tenho um treinador que estava até ontem na Seleção Brasileira, o nosso elenco é muito bom. O que foi feito de lá para cá, foi uma reconstrução do elenco. Nesse processo alguns não se adaptam, o que é normal. Até dezembro e esse time até dezembro de 2026 vai buscar coisas importantes. Olha para o Corinthians de janeiro de 2024 e olha o Corinthians de janeiro de 2025.
Qual o objetivo esportivo do Corinthians no restante do Brasileirão?
– Precisamos melhorar a cada ano. Todo ano tem que ser melhor do que o outro. É inadmissível o que aconteceu no Brasileirão de 2024, o Corinthians não pode brigar pelo o que brigou. É difícil projetar, não vou dizer que vamos brigar para ser campeão. Temos condições de ficar em uma posição melhor do que estamos e surpreender no campeonato. Precisamos deixar muito bem conversado e alinhado com o torcedor que se não tiver planejamento e estrutura não tem resultado. Sei que é uma conversa chata para caramba, mas o Corinthians vai ter que fazer. Sei que a torcida quer a Libertadores, mas para isso tem que disputá-la todos os anos. Temos que melhorar os processos.