O diretor vencedor do Oscar, Woody Allen, defendeu sua participação em um festival de cinema em Moscou, após fortes críticas do governo ucraniano.
“No que diz respeito ao conflito na Ucrânia, acredito firmemente que Vladimir Putin está completamente errado. A guerra que ele causou é terrível“, disse Allen em um comunicado enviado à CNN por sua assistente na segunda-feira. “Mas, independentemente do que os políticos tenham feito, não sinto que cortar as conversas artísticas seja uma boa forma de ajudar.”
A declaração de Allen veio depois que o governo ucraniano criticou duramente sua decisão de participar como convidado principal do evento no fim de semana.
“A participação de Woody Allen na Semana Internacional de Cinema de Moscou é uma desgraça e um insulto ao sacrifício de atores e cineastas ucranianos que foram mortos ou feridos por criminosos de guerra russos na guerra em curso contra a Ucrânia”, disse o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia em um comunicado na segunda-feira (25).
A Semana Internacional de Cinema de Moscou é patrocinada por mídias estatais russas, empresas estatais e o governo da cidade de Moscou.
Uma foto compartilhada no canal oficial do festival no Telegram mostra o cineasta de 89 anos participando de uma sessão por vídeo, em conversa com o diretor russo Fyodor Bondarchuk, que é um aliado de Putin e apoiou publicamente a invasão da Ucrânia pela Rússia.
De acordo com o serviço de imprensa do festival, Allen disse que gostava do cinema russo, mencionando a versão soviética de “Guerra e Paz” que foi dirigida por Sergei Bondarchuk, pai de Fyodor Bondarchuk.
A mídia estatal russa relatou que, durante a sessão, Allen disse que, embora não tenha planos de fazer um filme na Rússia, ele tem “apenas bons sentimentos por Moscou e São Petersburgo.”
E o enviado russo Kirill Dmitriev alegou que a aparição de Allen no festival provou que “a Rússia não está isolada”. “Tentar cancelar Woody Allen por causa de uma videochamada no Festival Internacional de Cinema de Moscou não faz sentido: a Rússia não está isolada – e a arte deve construir pontes, não queimá-las”, escreveu Dmitriev em uma postagem no X.