O humorista e influenciador digital Whindersson Nunes revelou, em entrevista ao podcast “Pivotando”, do SBT News, que é superdotado. Ele conta que recebeu o diagnóstico enquanto estava internado em uma clínica de reabilitação.
“Eu fiz um teste neuropsicológico, deu um QI elevado, altas habilidades para criatividade, o que é muito legal. Mas também tiveram coisas ruins: compulsividade e impulsividade. Eu sou uma pessoa muito impulsiva. Para mim tudo é agora, tudo é na hora”, afirma Whindersson.
O humorista também ressaltou que a condição faz com que ele cancele compromissos facilmente e de última hora, mas que isso não significa que ele não esteja se importando com as pessoas. “Eu não sei, para mim, dentro da minha cabeça, é uma facilidade tão grande (…) É um traço da impulsividade que passa na minha cabeça ‘vou ou não vou?’, e eu escolho o ‘não vou’, entende?”, explica.
O que é superdotação?
Pela definição do Ministério da Educação, a superdotação é caracterizada por habilidades cognitivas acima da média. São consideradas pessoas superdotadas aquelas com altas habilidades em áreas como raciocínio lógico, criatividade, liderança, talento artístico ou acadêmico.
No entanto, há o lado “negativo” da condição, como apontou Whindersson.
Segundo o psicólogo Kazimierz Dbrowski, que escreveu um artigo sobre o tema, os superdotados apresentam alta sensibilidade emocional, o que pode intensificar reações impulsivas, especialmente em situações de frustração ou tédio.
Outra razão para a impulsividade, de acordo com a psicóloga Linda Silverman, que estuda o tema desde 1962, é que o cérebro do superdotado opera em alta velocidade e suas mentes estão constantemente buscando novos estímulos. “Uma mente superdotada é uma geradora incansável de ideias que cria mais coisas para fazer do que as horas do dia”, ressalta Silverman.
De acordo com o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, quando os superdotados estão interessados em um tema, podem entrar no estado de ‘flow’, que é uma espécie de imersão completa na atividade, perdendo a noção do tempo: isso faz com que eles descumpram prazos.
Como diagnosticar?
O diagnóstico de superdotação costuma envolver testes específicos realizados por psicólogos ou neuropsicólogos, que avaliam aspectos como inteligência, criatividade, habilidades sociais e emocionais.
Segundo Fernanda Serpa, vice-coordenadora do Programa De Apoio a Alunos com Comportamento Superdotado (PRAACS!) da Universidade Federal Fluminense (UFF), existem listas de indicadores de comportamento superdotado, desenvolvidas por pesquisadores da área, que podem ser utilizadas por professores e/ou psicopedagogos. Por isso, ela não recomenda apenas a utilização do teste de Q.I para diagnosticar a condição.
Alguns dos comportamentos são:
- Aprendizado rápido e autodidata
- Interesse intenso por temas complexos desde cedo
- Pensamento crítico aguçado
- Criatividade e sensibilidade acima da média
- Inquietação mental ou corporal
Qual é a importância do diagnóstico?
De acordo com Cristina Delou, criadora do Programa de Atendimento a Alunos com Altas Habilidades/Superdotação da UFF, a maior importância do diagnóstico é o autoconhecimento. “Ninguém se aprofunda em um autoconhecimento pleno e integral sem saber que é capaz de criar soluções e dar respostas criativas de alto nível”, pontua Cristina.
Além disso, segundo ela, a pessoa ou a família (no caso das crianças) procuram por ajuda geralmente ocorre em um momento de sofrimento psíquico.
Ainda de acordo com Cristina, apesar de ainda não ser possível afirmar que a superdotação é uma condição herdada geneticamente, ela acredita que há componentes genéticos relacionados.
Whindersson ressalta que, ao receber o diagnóstico, começou a ter mais controle sobre sua impulsividade e compulsão. “Eu entendi qual que era da compulsividade. Ai comecei a me controlar mais em todas as outras áreas da minha vida”, ressalta o humorista.