Vinte e seis pessoas suspeitas de cometer crimes sexuais e de violência doméstica contra crianças e adolescentes foram presas neste mês de maio, em Minas Gerais. As detenções fazem parte das ações repressivas e preventivas da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) durante o Maio Laranja, mês dedicado ao combate ao abuso e à exploração sexual de menores de idade.
Dos mandados de prisão expedidos pela justiça, 17 foram cumpridos em Belo Horizonte. Os demais foram executados em Coronel Fabriciano, Mário Campos e Pompéu. Além disso, a corporação mineira participou de prisões de quatro pessoas que teriam cometido crimes na capital mineira e estavam foragidas em São Paulo.
A operação Caminhos Seguros começou em 29 de abril. Desde então, mais de 70 medidas protetivas foram requeridas e cerca de 100 procedimentos investigatórios instaurados. Além disso, entre os saldos da ação, está a conclusão de 40 inquéritos.
Diego Lopes, delegado da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, explica que os crimes sexuais contra crianças e adolescentes é silencioso. Conforme o delegado, em 2023, 96% dos casos de estupro de vulnerável foram cometido por pessoas próximas. Desses, 78% são parentes das vítimas.
“Esse índice demonstra que infelizmente esse é o tipo de conduta criminosa em que o agente é muito próximo, e que por si só a denúncia, a busca por ajuda é muito difícil […] Nossas medidas preventivas como palestras e visitas tranquilizadoras são justamente para que a gente consiga levar essa informação e tentar contribuir na prevenção de um delito que é praticado às escondidas”, afirma Lopes.
Prisões
Em 30 de abril, a PCMG divulgou informações da prisão de um homem, de 38 anos, e da esposa dele, de 41 anos, por suspeito de estupro de vulnerável e tortura contra os próprios filhos. A mulher tinha um mandado de prisão por omissão, por saber que o companheiro cometia os crimes contra os filhos. Já o homem, também foi detido em flagrante, por descumprir uma medida protetiva contra a enteada, de 23 anos, diagnosticada com esquizofrenia.
As investigações começaram depois que o filho do casal, de 9 anos, fugiu da escola, em Dionísio, na Região Central de Minas Gerais, para procurar a polícia e denunciar que estava sendo agredido e privado de alimentos pelos tutores. Na época da prisão, o delegado Raphael Machado, responsável pelo caso, contou que a família já estava sendo investigada após uma série de denúncias anônimas.
O delegado Diego Lopes, explica que além da tortura praticada contra o filho, as apurações apontaram que o suspeito abusou sexualmente da enteada por anos, desde quando era adolescente até a sua maioridade. Devido a série de estupros, a jovem acabou engravidando do suspeito. No momento da prisão do casal, no Bairro Inconfidência, na Região Noroeste de BH, a vítima já tinha parido e a criança tinha 5 meses.
Apreensões
Além das prisões, a PCMG também cumpriu dois mandados de apreensão de jovens infratores pelo crime análogo ao estupro de vulnerável. Em um deles, uma jovem, de 18 anos, foi detida por suspeita de abusar sexualmente de três crianças – uma menina de 8 anos, e dois meninos de 10 e 12 anos, que ela foi contratada para cuidar como babá.
Em outro caso, um adolescente, de 16 anos, teria abusado sexualmente do irmão, um menino, de 8 anos, na data dos fatos. De acordo com a corporação, os crimes investigados aconteceram quando os dois jovens apreendidos eram adolescentes, por isso, eles não foram presos.
Estupro virtual
Em apoio operacional à Polícia Civil do Estado de São Paulo (PCESP), a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) cumpriu em 8 de maio mandados de prisão e de busca e apreensão contra um homem, de 29 anos, investigado por estupro de vulnerável praticado no meio virtual. O alvo foi localizado e preso temporariamente no bairro Lindeia, região do Barreiro, em Belo Horizonte.
Segundo a investigação da PCESP, o homem conheceu a vítima, de 13 anos, por meio de um aplicativo e iniciou um relacionamento. Durante as conversas, além de induzi-la a encaminhar diversas fotos e vídeos de natureza íntima, o investigado teria praticado sexo de forma virtual com a adolescente. Os mandados foram cumpridos por policiais civis de São Paulo, que atuam na investigação, e pela equipe da Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) da PCMG.