As vendas de etanol (anidro e hidratado) realizadas pelas usinas do Centro-Sul recuaram 4,15% na primeira quinzena de dezembro, para 1,38 bilhão de litros, segundo dados da União das Indústrias de Cana-de-Açúcar e bioenergia (Unica).
A queda foi puxada pela diminuição do consumo de etanol hidratado no país, fruto de um início de migração dos motorista de carro flex para a gasolina.
As vendas do biocombustível no mercado interno cederam 8%, para 854,4 milhões de litros. Já as vendas do etanol anidro, aditivo do combustível fóssil, no mercado doméstico subiram 4,9%, para 498,2 milhões de litros.
Segundo Luciano Rodrigues, diretor de inteligência setorial da Unica, o ritmo de consumo indica que haverá folga no abastecimento para a entressafra de cana.
“A quantidade de etanol em estoque e a produção que ainda será realizada até março de 2025 oferecem segurança para o abastecimento do mercado interno, mesmo considerando a competitividade atual do hidratado e o consequente crescimento nas vendas do produto”, afirmou ele, em nota.
No acumulado da safra, as vendas de etanol hidratado subiram 21,8%, para 16,3 bilhões de litros, enquanto as de anidro recuaram 2,3%, para 8,9 bilhões de litros.
CBios com folga
O diretor da Unica também descartou possibilidade de aperto na oferta de Créditos de Descarbonização (CBios) — cuja oferta cresce conforme aumenta a de etanol.
Desde o início do ano até 23 de dezembro, os produtores de biocombustíveis emitiram 41,55 milhões de CBios. Deste total, ainda havia 16,93 milhões de CBios disponíveis para negociação.
“Os dados públicos apurados pela B3 e pela ANP evidenciam que a quantidade de CBios disponível para comercialização e os créditos já aposentados superam em mais de 5 milhões de títulos a meta prevista pelo programa para 31 de dezembro deste ano. Não existe, portanto, qualquer restrição de oferta de créditos de descarbonização no mercado nacional”, explicou Rodrigues.
Moagem de cana
A moagem de cana-de-açúcar na primeira quinzena de dezembro caiu 54,3% em relação ao mesmo período da safra passada no Centro-Sul e ficou em 8,8 milhões de toneladas. Com isso, o volume processado desde o início da temporada 2024/25 está em 611,8 milhões de toneladas, 4,29% a menos do que um ano antes.
Essa redução está relacionada ao encerramento das atividades mais cedo do que na safra 2023/24. Até o fim da primeira metade de dezembro, 129 usinas (incluindo as que processam milho) operaram no Centro-Sul, abaixo das 185 em atividade na mesma época do ano passado.
Produção
A produção de açúcar da primeira quinzena foi 63,1% menor na comparação anual e alcançou 348 mil toneladas. No caso do etanol, a produção do anidro recuou 24,3%, para 266 milhões de litros, enquanto a de hidratado cedeu 28,2%, para 499 milhões de litros.
No acumulado da safra, a produção de açúcar chegou a 39,7 milhões de toneladas, uma redução de 5% (ou 2,1 milhões de toneladas). Já a produção de etanol anidro acumulou queda de 7,1% e ficou em 11,6 bilhões de litros, enquanto a fabricação de etanol hidratado aumentou 10,3%, para 20,3 bilhões de litros.
O teor de sacarose na cana moída na primeira metade de dezembro ficou em 115,92 quilos por tonelada de cana processada, baixa de 2,2%. Na média da safra até o momento, esse indicado está em 141,33 quilos por tonelada, alta de 1,2%.
Do caldo de cana obtido na quinzena, 64,33% foi destinado à produção de etanol, acima dos 56,85% no mesmo período do ano passado. Na média da safra, o mix foi ligeiramente mais alcooleiro, em 51,8%, em relação aos 50,82% no mesmo período acumulado da safra passada.