Por volta de 13h, as ações da Coca-Cola na bolsa de Nova York subiam 0,9% nesta quinta-feira (17/7). No mesmo horário, as ações de uma das maiores originadoras e beneficiadoras de grãos do mundo, a americana Archer-Daniels Midland (ADM), caíam 2,61%.
Os movimentos aparentemente aleatórios de duas empresas de segmentos diferentes no mercado podem estar relacionados a uma nova declaração pública do presidente Donald Trump. Ele agora quer mudar a receita da Coca-Cola, para ter o açúcar de cana entre os ingredientes.
O objetivo é estabelecer um acordo com a empresa para substituir o xarope de milho com alto teor de frutose. “Tenho conversado com a Coca-Cola sobre o uso de açúcar de cana de verdade na Coca-Cola nos Estados Unidos, e eles concordaram em fazê-lo”, disse Trump em uma publicação na rede Truth Social na quarta-feira (16/7).
A afirmação ligou o alerta em uma das maiores agroindústrias dos Estados Unidos e em seu principal produto agrícola. E o que a ADM teria a ver com isso? A empresa é uma grande produtora de xarope de milho, usado para adoçar os refrigerantes nos Estados Unidos.
“Substituir o xarope de milho por açúcar de cana custaria milhares de empregos na indústria alimentícia americana, reduziria a renda agrícola e aumentaria as importações de açúcar estrangeiro — tudo isso sem nenhum benefício nutricional”, disse, em nota, o presidente da Associação dos Refinadores de Milho, John Bode.
EUA podem ter safra de milho recorde
A iniciativa ocorre em um momento de expectativa de safra recorde de milho no país. Ao mesmo tempo, permanecem as incertezas sobre a demanda internacional. A guerra tarifária continua afetando mercados importantes para o milho americano, como México, Japão, Canadá e Coreia do Sul.
O xarope de milho com alto teor de frutose é amplamente utilizado pela indústria por ser mais barato, estável e doce do que o açúcar comum. Uma mudança ampla no padrão poderia impactar diretamente a cadeia produtiva do cereal, com repercussões sobre preços, renda e investimentos.
O açúcar de cana é bem menos representativo no país. Segundo o Departamento de Agricultura (USDA), a produção doméstica responde por cerca de 30% do suprimento nacional. O restante virá da beterraba e de importações, principalmente do México e de outros países.
No mercado mexicano, aliás, a Coca-Cola já oferece uma versão do refrigerante com açúcar de cana. Mas não confirmou se pretende substituir o xarope de milho nos Estados Unidos. Em nota, a empresa prometeu mais detalhes em breve.
“Agradecemos o entusiasmo do presidente Trump por nossa icônica marca. Mais detalhes sobre novas e inovadoras opções dentro da nossa linha de produtos Coca-Cola serão compartilhados em breve”.