A tropicalização da metodologia de cálculo das emissões e sequestro de carbono é um desafio enfrentado pelo agronegócio brasileiro para avançar no mercado de créditos de carbono. Há atualmente uma falta de dados nacionais, mensurados em condições de solo tropicais e reconhecidos internacionalmente, avaliou Eduardo Bastos, diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e presidente do Comitê de Inovação do Carbono (CCARBON) da Universidade de São Paulo (USP).
Ele observou que, a avaliação de ciclo de vida da soja feita a partir de bancos de dados internacionais aponta emissões de 2,6 mil quilos de carbono equivalente por tonelada de grão produzido. Já os dados sobre as condições brasileiras de produção, do projeto Pró-Carbono, indicam emissão de 1.462 quilos de carbono equivalente por tonelada. O volume cai para até 657 quilos de carbono equivalente por tonelada de soja, com o incremento de práticas sustentáveis.
Em um mercado de carbono consolidado esses índices rendem até cerca de US$ 12,50 por hectare, segundo Bastos. “Mas há também ganhos de produtividade, que podem render o equivalente a uma safra a cada cinco anos em ganho de produção”, disse Bastos.
O executivo defendeu, durante o X Congresso Brasileiro de Soja, que cientistas brasileiros invistam mais na publicação de artigos sobre o tema em revistas internacionais de grande impacto. “O mercado de créditos de carbono movimenta US$ 1 trilhão e oferece recursos que podem ampliar a rentabilidade dos produtores”, disse.
Rodrigo Justus de Brito, conselheiro da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), defendeu exigência de reciprocidade dos países em relação ao cumprimento de normas ambientais, acrescentou que a crise climática no mundo representa uma oportunidade para o Brasil, devido ao potencial de neutralização de emissões de carbono por meio da produção agrícola.