O complexo prisional de Tremembé, no interior de São Paulo, ficou nacionalmente conhecido como o “presídio dos famosos“, tornando-se o destino de detentos envolvidos em crimes de grande repercussão nacional.
A transferência de figuras como o ex-jogador Robinho, o motorista do Porsche Fernando Sastre, e mais recentemente, o ex-policial Ronnie Lessa, não é coincidência, mas parte de uma estratégia da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) para garantir a segurança desses presos.
A principal razão para enviar detentos de alto perfil para Tremembé é preservar sua integridade física. Presos que, devido à notoriedade de seus crimes ou a profissões anteriores, correriam risco de morte em unidades prisionais comuns, especialmente as que abrigam líderes de facções, são alocados no complexo do Vale do Paraíba para evitar conflitos.
Quem está ou já esteve no presídio
O complexo prisional conta com cinco unidades: três masculinas e duas femininas. A mais conhecida é a Penitenciária 2 “Dr. José Augusto Salgado”, apelidada de “presídio dos famosos”. A reputação do complexo foi construída pela longa lista de figuras notórias que passaram por suas celas.
Atualmente, a Penitenciária 2 abriga Robinho, condenado por estupro, e Fernando Sastre, acusado de homicídio no trânsito. Já a P1, de segurança máxima, recebeu Ronnie Lessa, condenado pela morte da vereadora Marielle Franco.
Ao longo dos anos, diversas figuras notórias passaram ou cumprem pena nas unidades de Tremembé, consolidando sua reputação. Entre eles, destacam-se:
- Cristian Cravinhos: Condenado a 38 anos em 2006, detido por participar da morte do casal Richthofen, cumpriu pena na P2.
- Alexandre Nardoni: Condenado em 2010 a 30 anos pela morte da filha Isabella Nardoni, cumpriu pena na P2.
- Suzane von Richthofen: Condenada pelo assassinato dos pais, ficou cerca de 20 anos presa em Tremembé (P1 feminina) e deixou a cadeia em janeiro de 2023, beneficiada com o regime aberto.
- Anna Carolina Jatobá: Condenada junto com Nardoni, ficou 15 anos presa no complexo e deixou a prisão há um ano, em regime aberto.
- Elize Matsunaga: Condenada a 16 anos pelo assassinato do marido, Marcos Yoki, está em liberdade condicional há dois anos, tendo passado pela P1 feminina.
- Lindemberg Alves: Condenado a 39 anos em 2013 por manter em cárcere privado e matar a ex-namorada Eloá Pimentel.
- Gil Rugai: Condenado em 2013 a mais de 33 anos pela morte do pai e da madrasta.
- Mizael Bispo: Condenado por matar a ex-namorada Mécia Nakashima.
- Roger Abdelmassih: Médico preso por estuprar pacientes.
- Edinho: Ex-goleiro e filho de Pelé, cumpriu pena em Tremembé por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, deixando a prisão em 2019.
Apesar do perfil diferenciado dos detentos, os procedimentos e o tratamento nas unidades de Tremembé não diferem significativamente das demais unidades prisionais do estado.
Os presos têm acesso a diversas atividades optativas, como aulas de teatro, inglês, ações religiosas e ensaios musicais. Além disso, o complexo prisional oferece oportunidades de trabalho por meio de empresas que contratam mão de obra carcerária, com oficinas de reforma de carteiras escolares, montagem de embalagens e pedras sanitárias, administradas pela Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel (Funap).
Também existem oficinas de montagem de móveis de escritório e corte de tecidos, além de parcerias para fabricação de peças para vidros. A designação para as vagas de trabalho é feita com base na formação e habilidade do preso, seguindo uma lista cronológica.
Quase abrigou Lula
Embora Tremembé seja o destino de muitos detentos célebres, houve um caso notável de suspensão de transferência. Em 2019, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve sua transferência para um presídio em São Paulo, que poderia incluir Tremembé, autorizada pela Justiça Federal.
No entanto, o STF (Supremo Tribunal Federal) acolheu o pedido da defesa e suspendeu a eficácia dessa decisão, garantindo a Lula o direito de permanecer na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR). A Polícia Federal de Curitiba havia solicitado a transferência alegando que a prisão de Lula alterava a rotina do prédio.