A defesa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres rebateu a alegação da PGR (Procuradoria-Geral da República) de que ele teria apresentado uma passagem áerea falsa como justificativa para não estar em Brasília no dia 8 de Janeiro de 2023, quando houve o ataque às sedes dos Três Poderes.
Torres apresentou nesta terça-feira (15) declaração de uma agência de turismo. O documento cita a emissão de passagens para o ex-ministro no dia 21 de novembro de 2022 às 10h22. Também disponibiliza o acesso à fatura para supostamente comprovar a veracidade da compra.
A declaração é uma resposta à PGR. Nas alegações finais da ação sobre o plano de golpe, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apontou que Torres, recém-empossado Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal em janeiro de 2023, apresentou um comprovante de bilhete aéreo que não foi localizado na companhia aérea Gol.
O Ministério Público Federal cita que a empresa áerea informou “que o localizador MYIDST não condiz com os dados descritos em nome de Anderson Gustavo Torres” e que não identificou, no trecho Brasília/Orlando, o nome do ex-ministro no voo G3-9460.
“A PGR identificou a possível falsidade do documento apresentado pela defesa, o que não apenas reforça a gravidade da conduta do réu Anderson Torres à época dos crimes, mas deverá justificar a adoção de providências adicionais em relação ao novo fato aparentemente ilícito”, diz Gonet, indicando que pode pedir uma nova investigação.
A defesa de Torres alega que as férias de Torres já estavam programadas e que a saída dele do país não tem relação com os ataques promovidos em 8 de Janeiro.
Na declaração, o agente de viagens Leandro Anderson Sofka, sócio da Viagens Pimentur, diz que emitiu passagens para Torres, a esposa e as três filhas saindo de Brasília para Orlando, com ida em 6 de janeiro de 2023 e volta dia 21. O localizador era o MYIDST.
“A respeito do localizador da reserva, precisa ficar claro que é um localizador de
21/11/2022. Esse localizador, se consultado agora, depois de quase 3 anos, ou não existirá, ou é reaproveitado, uma vez que são 6 digitos, e com o tempo, as combinaçoes se esgotam, e são reiniciadas. Uma pesquisa rapida pelo Google fornecerá a mesma informação”, justifica o agente de viagens.
Além de citar a possível falsidade das passagens, a PGR apontou “diversas falhas e omissões cometidas pela cúpula da Segurança Pública do Distrito Federal, determinantes para a ocorrência dos atos de insurgência praticados contra as sedes dos Três Poderes.”
O Ministério Público Federal ainda reforça a acusação citando que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), declarou ter sido supreendido com a viagem de Torres, secretário então empossado.
A PGR destaca ainda Torres só compartilhou com o governador o contato do seu substituto no dia 7 de janeiro de 2023, quando já estava em viagem, e na véspera dos ataques.