De acordo com a Polícia Federal, algumas trocas de mensagens obtidas no âmbito da operação que investiga um grupo, responsável por planejar os assassinatos do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, apontam que a organização criminosa tinha outro objetivo: prender Moraes.
“As mensagens trocadas entre os integrantes do grupo ‘copa 2022’ demonstram que os investigados estavam em campo, divididos em locais específicos para, possivelmente, executar ações com o objetivo de prender o Ministro ALEXANDRE DE MORAES”, diz a Polícia Federal na decisão que embasou a operação realizada hoje.
De acordo com a PF, o grupo – formado majoritariamente por militares – utilizou de codinomes para se comunicar em um chat privado, nomeado de “copa 2022”
“Estacionamento em frente ao Gibão Carne de Sol. Estacionamento da troca da primeira vez”, é a mensagem que chegou no grupo em 15 de dezembro de 2022, às 20h33 e foi encaminhada por uma pessoa que utilizava o codinome “Brasil”.
“Tô na posição”, responde o contato com o codinome “Gana”.
Na continuidade da conversa, “Brasil” pergunta qual é a conduta que deve ser tomada.
Um novo integrante, agora nomeado de “teixeiralafaiete230” e apontado pela PF como líder do grupo, entra no diálogo e pede para que aguarde.
Às 20h47, Rafael de Oliveira (major do Exército Brasileiro preso preventivamente na manhã desta terça-feira), encaminha uma mensagem com o codinome “Diogo Bast”.
“Estou na posição”, escreveu.
Pouco depois, surge um novo integrante na conversa. “Áustria” notifica que “está chegando” e pergunta a posição de “Gana”, mas fica sem resposta.
Às 20h53, o usuário “teixeiralafaiete230” encaminha um print de uma notícia afirmando que o STF havia adiado a votação do orçamento secreto para a próxima segunda-feira.
“Tô perto da posição. Vai cancelar o jogo?”, pergunta “Áustria” quatro minutos depois.
“Abortar… Áustria… volta para local de desembarque… estamos aqui ainda…” é a resposta que ele recebe de “teixeiralafaiete230”.
No decorrer das próximas mensagens da conversa, eles se comunicam sobre deslocamentos para deixar os locais em que estavam. Um ponto ressaltado pela PF é o fato de que “Gana” afirma nas mensagens ter tentado pegar um táxi, mas desistiu pela demora.
A Polícia Federal refez todo o caminho percorrido e citado pelos integrantes ao longo da conversa e diz que, após análise, “é plenamente plausível que a pessoa de codinome ‘Gana’ estivesse próxima a residência funcional do Ministro ALEXANDRE DE MORAES”.
“Possivelmente, ‘Gana’ quis realizar o deslocamento sem deixar qualquer rastro da própria localização nas proximidades da residência do ministro ALEXANDRE DE MORAES. Tal fato explica o motivo de não ter utilizado o serviço de aplicativos de viagem (ex.: Uber), que deixaria registrado o local de embarque”, concluem.