Acostumadas a desaparecer silenciosamente após grandes eventos, muitas vezes relegadas a lixões ou depósitos improvisados, as lonas de comunicação visual se tornaram um símbolo discreto de um problema ambiental que o setor raramente enfrenta de frente. Nesta sexta-feira, 12, porém, mais de mil metros quadrados desse material deixarão de engrossar essa estatística. O Sebrae Tocantins inicia um movimento inédito ao destinar todo o volume para reciclagem, em uma iniciativa da Unidade de Marketing e Comunicação que busca ressignificar o ciclo de vida das peças publicitárias e transformar um desafio persistente em gesto concreto de sustentabilidade.
Entre montagens de estandes, campanhas e eventos que movimentam o calendário institucional, as lonas de comunicação visual cumprem um papel central na exposição de marcas, mensagens e serviços. Mas, tão logo a estrutura é desmontada, o material volumoso costuma seguir para um destino inadequado: o lixo comum. A iniciativa do Sebrae Tocantins busca romper esse ciclo ao propor uma lógica de descarte responsável, contribuindo para a redução de resíduos e para o reaproveitamento de materiais que, por sua natureza, poderiam permanecer anos sem degradação.
A medida, adotada de forma pontual conforme a demanda das ações de comunicação, estabelece um fluxo claro de destinação ambientalmente correta. O volume acumulado é encaminhado às associações responsáveis pela triagem, garantindo um percurso mais eficiente e sustentável para um resíduo historicamente ignorado no planejamento de eventos. Com isso, amplia-se o potencial de reaproveitamento e reduz-se a pressão sobre aterros sanitários, um dos gargalos mais sensíveis da gestão urbana de resíduos.
O destino das lonas
As lonas serão destinadas para a Associação de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis da Região Centro Norte de Palmas (Ascamp), uma organização sem fins lucrativos que contribui na gestão de resíduos sólidos e na promoção da sustentabilidade ambiental e social.
A entidade auxilia na limpeza da Capital e na preservação do meio ambiente com medidas que vão desde coleta seletiva e separação de resíduos sólidos até comercialização dos materiais triados, o que transforma esse descarte em nova matéria-prima e gera uma renda alternativa aos membros.
O gerente da Unidade de Marketing e Comunicação do Sebrae Tocantins, Nemias Gomes, avalia que o movimento representa uma inflexão necessária, ao incorporar critérios de sustentabilidade ao processo de trabalho. Ele explica que a iniciativa vai além da destinação de um volume expressivo de material, porque envolve reconhecer que cada etapa da comunicação, ou seja, da concepção à desmontagem, produz impactos concretos na cadeia de resíduos da cidade. “Quando olhamos para todo o material que utilizamos ao longo do ano, percebemos que temos responsabilidade não apenas sobre a comunicação que colocamos em vigor, mas também sobre o que acontece depois que ela cumpre seu papel”, destaca.
Ainda segundo Nemias, mesmo que esta seja uma ação pontual, ela já é capaz de fortalecer o trabalho das associações de catadores e contribuir para a geração de renda. “Ampliamos a lógica da economia circular no território. É uma ação que provoca reflexão interna e aponta caminhos para que outras instituições também revisitem seus processos”, reforça.
A catadora Rozalina de Oliveira, 64 anos, conta que atua há mais de duas décadas com a coleta e a triagem de materiais recicláveis. Segundo ela, a renda obtida vem do aproveitamento de tudo o que pode ser recuperado, do papelão ao ferro, do plástico ao papel. “Todo tipo de doação é bem-vindo. Essa atitude é muito boa, e nós realmente dependemos do apoio dos órgãos públicos para continuar um trabalho que é tão importante”, finaliza. (Assessoria de Imprensa do Sebrae Tocantins)
