A suspensão de novas contratações das linhas equalizadas pegou de surpresa vários bancos, apesar da avaliação unânime no sistema financeiro sobre as dificuldades da política agrícola em 2025. A medida pode atrapalhar os planos de alguns bancos e cooperativas de crédito que se programaram para oferecer recursos equalizados no segundo semestre da safra, opção que ficou ainda mais atrativa aos produtores rurais diante da subida da Selic nos últimos meses.
Apenas as operações de custeio equalizado do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) , cujo saldo disponível é de R$ 5,6 bilhões, foram preservadas. Quase R$ 50 bilhões podem ser bloqueados a partir desta sexta-feira (21/2).
Fontes do governo afirmaram que a escalada rápida e forte da Selic, que passou de 10,5% em setembro de 2024 para 13,25% em janeiro deste ano, gerou um déficit de R$ 5 bilhões no orçamento previsto para a equalização dos juros do crédito rural em 2025.
O Ministério da Fazenda argumentou que a suspensão é temporária e pode ser revertida após aprovação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2025 e de outros “ajustes”. A Pasta vai recorrer ao Tribunal de Contas da União (TCU) para destravar o orçamento.
“Fomos pegos de surpresa. É preocupante, pois ainda há quatro meses para o término da safra e a demanda continua aquecida”, disse um executivo de uma das instituições financeiras que ainda têm saldo significativo de recursos equalizados para operacionalizar.
Um diretor de banco disse que muitas operações já em curso não serão concretizadas. “Não vamos conseguir viabilizar as operações que estão em trâmite. Vai ficar muita coisa na esteira”, lamentou. Apesar do cenário complexo, as instituições financeiras não esperavam uma “medida desse nível”, confidenciou outro dirigente.