O Sicoob anunciou nesta terça-feira (2/7) que vai liberar cerca de R$ 60 bilhões em crédito rural na safra 2025/26. A projeção é 8% maior ao desempenho consolidado da temporada 2024/25, quando foram liberados R$ 55,4 bilhões em financiamentos ao setor agropecuário – acima da meta de R$ 53,4 bilhões anunciada em julho do ano passado.
A expectativa é que R$ 24,6 bilhões sejam destinados às operações de custeio, R$ 9 bilhões para investimentos em modernização e infraestrutura e R$ 4,2 bilhões à comercialização. O restante, de R$ 22,2 bilhões, tem aplicação livre, principalmente via Cédulas de Produto Rural Financeiras (CPRF).
Na divisão por porte, cerca de 30% dos recursos devem contemplar pequenos e médios produtores, com destaque para R$ 7,2 bilhões em operações do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e R$ 10,8 bilhões via Programa Nacional de Apoio aos Médios Produtores (Pronamp).
Cerca de 39% dos recursos devem ser destinados ao financiamento da atividade agrícola, com foco em soja e café, e 25% na pecuária, especialmente na bovinocultura. Do montante total, de R$ 60 bilhões, cerca 36% serão aplicados em operações de CPRF para diversos produtos.
De acordo com o Sicoob, a previsão para o novo ciclo mantém o ritmo de expansão da atuação da cooperativa financeira no campo. Nas últimas safras, a instituição tem crescido acima de dois dígitos no desembolso de financiamentos ao setor. Em 2023/24, foram liberados R$ 48,4 bilhões, alta de 29% ante os R$ 37,5 bilhões do ciclo 2022/23. Na temporada encerrada na segunda-feira (30/6), o crescimento foi de 14,5%.
“A produção rural é um dos pilares da economia brasileira, e o Sicoob se orgulha de contribuir ativamente para o seu fortalecimento. Oferecemos crédito com proximidade e conhecimento da realidade do campo, atuando como parceiros estratégicos dos produtores em todas as etapas da jornada”, afirmou Francisco Reposse Junior, diretor comercial do Sicoob.
Com o desempenho da safra 2024/25 (desembolso de R$ 55,4 bilhões), o Sicoob alcançou uma fatia de 7% do mercado de crédito rural e de CPRF no país, disse a instituição. Antes, a cooperativa tinha 5,7% desse bolo.
O ticket médio das operações na safra passada foi de R$ 306 mil, uma alta em relação aos R$ 276 mil da temporada anterior (2023/24). Foram 197 mil contratos nos 12 meses. Desses, 73,5 mil atenderam produtores do Pronaf, com ticket médio de R$ 86 mil.
Do montante total, R$ 6,35 bilhões (11%) foram destinados a operações do Pronaf, R$ 9,98 bilhões (18%) ao Pronamp e R$ 39,08 bilhões (71%) a demais produtores. Em relação às atividades financiadas, 25% dos recursos foram destinados à pecuária, 39% à agricultura, com foco em soja e café, e 36% a operações de CPRF em diversos produtos. No Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), foram liberados R$ 1,61 bilhão, alta de 30% em relação à temporada anterior (R$ 1,24 bilhão).
“A performance da última safra reforça a importância do Sicoob no financiamento ao setor. Foram mais de R$ 55 bilhões liberados em crédito rural, alcançando produtores de todos os portes e atividades em todas as regiões do país”, disse Reposse.
Perenidade no financiamento
O diretor-presidente do Sicoob, Marco Aurélio Almada, afirmou que o principal desafio da instituição, uma das maiores cooperativas financeiras do país, é ser um agente de crédito “perene” para o agro. Ele comentou o movimento de entrada e saída de bancos privados do financiamento do setor a depender das condições, mais ou menos favoráveis, do Plano Safra.
“O nosso desafio é ser um agente de crédito para o agro perene. Quem conhece o agronegócio sabe que, dependendo das condições do Plano Safra, há mais interesse de agentes privados. O produtor nem sempre pode contar com o mesmo banco em todos os planos, pois o apetite varia de um plano para o outro”, afirmou durante anúncio da projeção de desembolso do Sicoob na temporada 2025/26, de R$ 60 bilhões, alta de 8% em relação ao resultado consolidado de 2024/25.
“Nossa proposta é jamais deixar produtor na mão, com cenário mais otimista ou quando crescem os desafios para o produtor”, completou.
Almada ressaltou que o Sicoob é responsável por 3,5% do mercado de crédito nacional, considerando todos os setores, mas que a fatia de market share no financiamento ao agronegócio já está em 7%. “Temos uma intensidade de operação no agronegócio maior do que temos na operação genérica de crédito. Em pelo menos quatro Estados do país, só não somos maiores que o banco federal [Banco do Brasil]. Em Minas Gerais, Espírito Santo, Rondônia e Santa Catarina, somos o maior ator privado no crédito ao agro”, indicou.
O Sicoob tem 8,9 milhões de cooperados, dos quais mais de 600 mil são produtores rurais. Segundo Miguel Oliveira, presidente do Conselho de Administração da instituição, a cooperativa já tem a maior rede de atendimento físico do Brasil, com 4,6 mil postos espalhados em todos os Estados.
“A proximidade do cooperado e o fato de conhecer as particularidades locais fazem com que a gente crie esse vínculo forte, e tenhamos resultados consistentes a cada ano”, justificou Oliveira no evento.