As ligas italianas e espanholas, Série A e LaLiga, responderam às críticas de um comissário da União Europeia que classificou como “traição” aos torcedores a ideia de realizar partidas domésticas fora da Europa.
A Série A planeja realizar a partida entre Milan e Como em Perth, na Austrália, em fevereiro do próximo ano, enquanto a LaLiga busca transferir o jogo entre Villarreal e Barcelona para Miami, nos EUA, em dezembro.
“Estou profundamente decepcionado com as propostas de realizar partidas de ligas domésticas fora da Europa”, escreveu o comissário europeu de Esportes, Glenn Micallef, nas redes sociais, nesta quarta-feira (27).
“Para mim, é claro: competições europeias devem ser disputadas na Europa. O futebol europeu deve permanecer na Europa. Acredito que os clubes devem seu sucesso principalmente aos torcedores fiéis e às comunidades locais, levar competições para fora não é inovação, é traição”, completou.
Série A está “surpresa”
Em nota, a Série A declarou estar “surpresa” com os comentários de Micallef, afirmando que ele subestimou “a complexidade e o valor estratégico de iniciativas voltadas à promoção do futebol italiano globalmente”.
“O uso do termo traição para um único jogo, dentre um total de 380 partidas da Série A, parece uma posição excessiva que pode alimentar um debate populista”, afirmou a nota. “Levar uma partida ao exterior não significa exportar o campeonato, mas sim apresentar novos públicos à excelência do futebol italiano. Em troca do pequeno sacrifício exigido dos torcedores de Milan e Como, eles se beneficiarão em termos de maior visibilidade e popularidade mundial.”
O presidente da LaLiga, Javier Tebas, também defendeu a iniciativa, destacando que “milhares de fãs, incluindo europeus, merecem ver suas equipes ao vivo pelo mundo”.
“Entendo a preocupação, mas precisamos colocar as coisas em perspectiva: estamos falando de um jogo em 380”, escreveu Tebas na rede social X. “Fico surpreso que não haja tanta preocupação com projetos como a liga europeia da NBA-FIBA, que realmente alteram o modelo esportivo europeu, ou com a pirataria, que prejudica muitas competições profissionais.”
A Federação Italiana de Futebol e a Federação Espanhola já autorizaram a realização das partidas, mas ambos os jogos ainda dependem da aprovação da Uefa e da Fifa.