A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a vacina contra a dengue criada pelo Instituto Butantan nesta quarta (26/11). A vacina demonstrou uma eficácia elevada na prevenção da dengue, em torno de 75% nas fases de ensaio clínico e reduziu o índice de hospitalizações em mais de 90%.
Diferentemente da Qdenga, imunizante que já é aplicado em adolescentes no Brasil desde 2024, produzido pela Takeda, a vacina do Butantan é em dose única e pode ser aplicada em uma faixa etária mais ampla, segundo os estudos.
“A eficácia foi demonstrada após os estudos de acompanhamento de mais de cinco anos de pacientes que receberam uma única dose e mantiveram a proteção ao longo do tempo, além de um índice muito pequeno de eventos adversos. É uma vacina extremamente segura e eficaz”, explica o infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
No início deste mês, o diretor da Anvisa Daniel Pereira já havia afirmado que a análise do imunizante Butantan-DV era uma prioridade da agência. Ele informou que o processo envolveu “muitas horas” de discussão e que não há pedidos de outras vacinas em análise.
Por que a proteção ampla importa
A dengue circula de forma intensa no país e possui quatro sorotipos. Ter tido uma das formas da doença, embora proteja a pessoa em relação àquele subtipo viral, acaba aumentando o risco de se ter uma forma mais grave em uma segunda infecção, entre elas os quadros neurológicos e hemorrágicos da dengue que podem até matar.
Por isso, a formulação do Butantan segue essa premissa de proteção contra todos os quatro sorotipos. O imunizante utiliza vírus atenuados em um processo que estimula a produção de anticorpos sem causar doença.
Das mais de 10 mil pessoas que receberam o imunizante na fase 3 de testes (a última), apenas três (menos de 0,1%) apresentaram eventos adversos graves, e todos se recuperaram totalmente. A frequência de eventos adversos foi semelhante entre as três faixas etárias pesquisadas (2-6, 7-17 e 18-59 anos).
Nestes últimos testes, publicados no The New England Journal of Medicine, a taxa de eficácia geral para a proteção da dengue foi de 79,6% ao longo de dois anos de acompanhamento, sendo maior para o sorotipo 1 (89,5%) e menor para o 2 (69,6%).
A eficácia, porém, era cerca de 10% maior naqueles que já tinham contraído dengue, que são o grupo de maior risco. O desempenho se manteve estável em todas as faixas etárias de 2 a 59 anos.







