A safra de café de 2024 no Brasil foi encerrada com uma produção estimada em 54,2 milhões de sacas de 60 quilogramas, conforme o 4º levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta terça-feira (21/1). Esse volume representa uma redução de 1,6% em comparação com a produção de 2023. No entanto, em relação a 2022, último ano de alta de bienalidade, houve um aumento de 3,3 milhões de sacas.
Segundo a Conab, as condições climáticas desfavoráveis, como geadas, estiagens, restrição hídrica e altas temperaturas, prejudicaram as lavouras nos últimos quatro anos, afetando especialmente a produtividade média. A safra de 2024 foi impactada pelas adversidades climáticas registradas em 2023, com reflexos nas principais regiões produtoras de café. A produtividade média nacional foi de 28,8 sacas por hectare, o que representa uma queda de 1,9% em relação à safra de 2023.
A área total dedicada à cafeicultura no Brasil em 2024 foi de 2,23 milhões de hectares, sendo 1,88 milhão de hectares com lavouras em produção e 353,6 mil hectares em formação. A produtividade do café arábica registrou pequeno incremento de 0,2%, totalizando 26,2 sacas por hectare, enquanto o café conilon apresentou uma redução de 5,9%, com 39,2 sacas por hectare.
Clima
Durante o inverno e o início da primavera, o clima mais seco predominou nas principais regiões cafeicultoras, o que favoreceu a maturação dos grãos e acelerou as operações de colheita. No entanto, as condições climáticas também influenciaram o ciclo da cultura. O aumento das temperaturas e a escassez de chuvas em diversas áreas causaram uma redução em algumas fases fenológicas das plantas, visando minimizar as perdas.
Esse cenário gerou uma maturação desuniforme dos grãos, resultando em uma colheita misturada de grãos verdes e maduros no mesmo lote. Além disso, a qualidade dos grãos foi comprometida, com a produção de grãos menores que o padrão habitual. Isso fez com que fosse necessário um maior volume de café para atingir o padrão comercial de 60 quilos de café beneficiado por saca. Em muitos casos, também foi registrada uma perda de rendimento, com grãos mais leves do que o usual.
Produção por Estados
A produção de café em Minas Gerais, maior Estado produtor, foi de 28,1 milhões de sacas, uma redução de 3,1% em relação ao ano passado. A diminuição foi atribuída às estiagens prolongadas e altas temperaturas, especialmente após abril, quando as chuvas praticamente cessaram no estado. No entanto, a produção de café arábica em Minas Gerais somou 39,6 milhões de sacas, com um aumento de 1,8% em comparação a 2023. Já a produção de café conilon no estado totalizou 14,6 milhões de sacas, com uma queda de 5,9%.
No Espírito Santo, a produção de café conilon foi de 9,8 milhões de sacas, o que representa uma redução de 3,1% em relação ao ano anterior. O desempenho foi impactado por episódios de calor intenso entre outubro e dezembro de 2023.
Em São Paulo, a produção de café arábica foi de 5,4 milhões de sacas, com crescimento de 8,2% em relação a 2023. Embora a previsão inicial fosse de um aumento maior, de 11,5%, a redução se deveu a estiagens prolongadas e altas temperaturas, que impactaram negativamente na produtividade.
Na Bahia, a produção total foi de 3,1 milhões de sacas, com uma redução de 9,7%. A produção de café arábica cresceu 0,8%, com 1,1 milhão de sacas, enquanto a produção de conilon diminuiu 14,8%, totalizando quase 2 milhões de sacas.
Em Rondônia, a produção de conilon foi de pouco mais de 2 milhões de sacas, uma queda significativa de 31,2% em comparação com a safra anterior, devido a condições climáticas adversas no final de 2023 e ajustes na área cultivada.
Exportações
O Brasil exportou 50,5 milhões de sacas de 60 quilos de café em 2024, estabelecendo um novo recorde. O volume representa um aumento de 28,8% em relação ao ano anterior, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e da Conab. A receita gerada com as exportações atingiu US$ 12,3 bilhões, o maior valor já registrado pelo país, marcando uma alta de 52,6% quando comparado a 2023.
Este crescimento nas exportações de café é atribuído, segundo a Conab, a uma combinação de fatores, entre eles a valorização do produto no mercado internacional e a alta do dólar no Brasil. A cotação da moeda americana no país iniciou o ano de 2024 a R$ 4,91 por dólar, mas teve uma valorização constante ao longo do ano, chegando a R$ 6,10 por dólar em dezembro, representando um aumento de 24,1% no período. Esse movimento impactou diretamente a competitividade do café brasileiro no mercado externo, tornando-o mais atrativo para os compradores internacionais.
Em relação aos destinos das exportações brasileiras, o café foi enviado para 142 países ao longo de 2024. Os principais mercados foram os Estados Unidos, com 16,4% de participação, e a Alemanha, com 15,4%. Outros países relevantes na compra de café brasileiro foram Bélgica, Itália e Japão, com 9,1%, 8,1% e 4,9%, respectivamente. A maior parte das exportações foi concentrada em dois portos: Santos, responsável por 67% dos embarques, e Rio de Janeiro, com 24,2% da participação.