As concessões de rodovias ultrapassaram o saneamento básico como área de maior intenção para investimentos privados em infraestrutura nos próximos três anos.
O indicativo surge no 13º Barômetro da Infraestrutura Brasileira, pesquisa semestral realizada pela Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base), em parceria com a EY-Parthenon – braço de estratégia e transações da EY.
Foram ouvidos 329 investidores, gestores e especialistas na estruturação de projetos.
A nova edição do barômetro foi obtida com exclusividade pela CNN e aponta, pela primeira vez em sete semestres, as rodovias substituindo o saneamento básico na liderança do interesse privado.
Quando se pede aos entrevistados para apontar os três segmentos da infraestrutura com maior perspectiva de investimentos, nos próximos três anos, as respostas são:
- Rodovias: 46,6%
- Saneamento básico: 45,4%
- Energia Elétrica: 40,6%
- Ferrovias: 32,6%
- Petróleo: 27,5%
- Infraestrutura social: 24,5%
Na pesquisa anterior, feita no segundo semestre de 2024, as prioridades apontadas eram:
- Saneamento básico: 56,7%
- Energia elétrica: 45,0%
- Rodovias: 35,4%
- Mobilidade urbana: 31,4%
- Ferrovias: 24,1%
- Infraestrutura social: 23,5%
O sócio da EY-Parthenon para governo e infraestrutura, Gustavo Gusmão, afirma que o crescimento do interesse por investimentos em rodovias se deve a uma série de anúncios de projetos pelo governo federal e por governos estaduais.
Além de 15 leilões organizados pelo Ministério dos Transportes e pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), empreendimentos bilionários estão sendo oferecidos em São Paulo, no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais.
Na sexta-feira (18), por exemplo, foi assinado o contrato de concessão da BR-364 em Rondônia. A concessão prevê investimentos de R$ 10,2 bilhões ao longo de 30 anos.
O consórcio 4UM/Opportunity venceu o leilão do trecho, que liga Porto Velho a Vilhena, em fevereiro. O projeto envolve duplicações e implantação de faixas adicionais.
Gusmão avalia que a manutenção do saneamento básico na liderança das intenções de investimento, por tanto tempo, tem ligação direta com o marco legal de 2020.
“Ainda temos muitos novos projetos nessa área para os próximos anos, que passou por um hiato de licitações até o início de 2025, o que contribuiu para a mudança [na pesquisa]”, diz o executivo.
“Vale sinalizar também que a COP30 no Brasil acelerou bastante o leilão do saneamento básico no Pará, por exemplo”, acrescenta Gusmão.
Na contramão da agenda de sustentabilidade, houve um aumento nas intenções de investimento em petróleo.
“O setor ainda se encontra um pouco cético sobre impactos reais que a COP trará.”