Importante setor na pauta de exportações do Brasil para a China, o agronegócio terá diversos de seus segmentos representados no jantar que o governo brasileiro oferece, nesta quarta-feira (20/11), para o presidente chinês, Xi Jinping, em Brasília. Jinping está em solo brasileiro desde o início da semana. Participou da Reunião de Cúpula do G20 e se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Um dos segmentos que terão sua representação no jantar é o de frutas, beneficiado pela abertura do mercado do país asiático para as exportações de uvas. O presidente e o diretor institucional da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Guilherme Coelho e Luiz Roberto Barcelos, estão entre os 15 convidados que o ministro Carlos Fávaro levará ao evento, no Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores.
A Abrafrutas vê a ocasião como um momento oportuno para “celebrar abertura do mercado chinês para uva brasileira”. O jantar faz parte do protocolo da visita de Estado e é uma forma de homenagear o governo estrangeiro que se reúne com o brasileiro.
“Essa abertura de mercado é um marco para a fruticultura nacional, fruto de anos de negociações bilaterais. Estima-se que o comércio de uvas brasileiras com a China tenha um potencial de gerar ao menos US$ 50 milhões ao longo dos próximos 5 anos, fortalecendo ainda mais a posição do Brasil exportador de frutas de alta qualidade”, descreveu a entidade, em nota.
As discussões técnicas entre os dois países para a exportação dos novos produtos – que incluem sorgo, gergelim e farinha de peixe – já foram concluídas, e o protocolo fitossanitário está alinhado desde o início deste ano, “restando apenas a formalização política da decisão”, reforçou a Abrafrutas.
O presidente da Associação, Guilherme Coelho, disse que a China é uma “conquista estratégica”. “Esse é o resultado de um trabalho conjunto entre o governo, produtores e a Abrafrutas, que tem atuado ativamente na promoção e na viabilização de novas oportunidades para o nosso setor. A China é um mercado de grande potencial, e estamos prontos para atender à sua demanda com frutas de alta qualidade”, enfatizou.
Hoje, o Brasil exporta cerca de 5% de sua produção de frutas, embora seja o terceiro maior produtor mundial.
A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), outra entidade que tem na China um mercado estratégico, também estará à mesa com o Jinping. A terra do chá mais que dobrou a importação de café brasileiro. É a sexta maior compradora e a tendência é subir mais no ranking. A expectativa do Conselho de Exportadores de Café (Cecafé) do Brasil é que o Brasil enviei por volta de 2,5 milhões de sacas de 60 kg até o fim do ano. Em 2023, o total foi de 1,5 milhão de sacas.
Além disso, o acordo com a maior rede de cafeterias chinesa, a Luckin Coffee, foi assinado na terça-feira (19/11) na presença do vice-presidente Geraldo Alckimin, indicando maior estreitamento bilateral no caso do café. A parceria já havia sido divulgada, mas ainda faltava a assinatura do memorando. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), conduziu a negociação.
A Luckin Coffee comprará 240 mil toneladas do grão do Brasil entre 2025 e 2029 a um valor recorde de aproximadamente US$ 2,5 bilhões. O compromisso anterior de US$ 500 milhões para a compra de 120 mil toneladas até o fim deste ano foi assinado em junho durante missão brasileira à China.
O CEO da Luckin Coffee, Jinyi Guo, chegou a afirmar que o café do Brasil é o melhor do mundo. Fundada em 2017, a empresa é uma das maiores da China, com cerca de 22 mil cafeterias e mais de 110 mil funcionários.
“Essa é uma compra muito grande para quem produz café no Brasil. Certamente é só o início de uma parceria comercial muito importante. É a primeira visita do Sr. Guo ao país, mas não é a última”, afirmou o presidente da Apex-Brasil, Jorge Viana.
Por sua vez, Guo, destacou a qualidade do café brasileiro e o comprometimento da empresa em divulgar o produto. “Atualmente, contamos com 300 milhões de clientes, e o impacto tem sido extraordinário. Essa parceria é apenas o começo; no futuro, queremos ampliar ainda mais nossa colaboração”, destacou.
A reportagem obteve a informação de que também estará no jantar com a comitiva chinesa a Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca). O setor também foi incluído nas aberturas de mercado anunciadas nesta quarta-feira, com a liberação das exportações de farinha de peixe pata o país asiático.
A cadeia produtiva de papel e celulose, outra que tem na China um importante cliente, será representada pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), que reúne empresas do setor. Estão previstas ainda as participações de representantes da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), Conselho Superior de Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Cosag/Fiesp) e do ex-ministro da Agricultura Blairo Maggi.
A União Nacional de Etanol de Milho (Unem), que reúne as processadoras do cereal também está na lista de convidados. A intenção, ao se aproximar da comitiva chinesa, é estreitar contatos para avançar em negociações futuras.