A dor de garganta é um sintoma relacionado a infecções virais e bacterianas que, além de exigir atenção pelas causas, é bastante incômodo. Por isso, é comum recorrer a alternativas naturais para aliviar o desconforto. Mas será que elas realmente são eficazes? E quando devem ser usadas?
A CNN entrevistou um especialista no assunto para entender quando os remédios caseiros devem ser utilizados para a dor de garganta
Remédios caseiros que realmente aliviam a dor de garganta
De acordo com o otorrinolaringologista Gilberto Ulson Pizarro, do Hospital Paulista, algumas preparações feitas em casa podem ajudar e outras podem atrapalhar.
“No início (segundo e terceiro dias dos sintomas), a hidratação e a limpeza local ajudam bastante, além do calor local. Assim, chás e o leite quente com canela ajudam – e se a imunidade da pessoa estiver boa, podem melhorar os sintomas. O mel é natural e ajuda também, protegendo a garganta de irritações, diferentemente de substâncias muito ácidas como vinagre e gengibre”, explica o médico.
Abaixo, algumas substâncias e bebidas que podem ser feitas em casa e que ajudam a aliviar a dor de garganta, segundo o especialista:
- Mel: Pizarro aponta o mel como um remédio caseiro que funciona como um protetor da região da garganta, tendo açúcar naturalmente, um antibiótico mais natural.
- Gargarejo de água morna com sal: esse pode ser considerado um dos métodos mais seguros e eficazes, explica o médico. “O sal tem efeito antisséptico leve, e a água morna ajuda a acalmar a mucosa.”
- Leite quente com canela: segundo o otorrinolaringologista, a bebida ajuda a hidratar a região (que costuma ficar irritada) e o calor local diminui a inflamação e dor.
- Chá de hortelã: as folhas de hortelã possuem efeito refrescante e leve ação analgésica, o que ajuda a acalmar a mucosa irritada.
- Chá de camomila com mel: a bebida é considerada calmante, hidratante e um anti-inflamatório suave. “Ajuda no conforto geral”, pontua o especialista.
- Chá de maçã com canela: essa versão de chá hidrata e aquece, além da ação antimicrobiana da canela. “Útil no início do quadro.”
- Compressa quente no pescoço: como citado, o calor local ajuda a relaxar a musculatura e melhorar a circulação, aliviando a dor.
O que evitar
Tanto o própolis quanto o gengibre não devem ser usados na fase aguda, mas como métodos preventivos. “A pessoa pode usar como um hábito alimentar e, dessa forma, fortalecer todo sistema imunológico.”
Apesar de popular, o gargarejo com limão também deve ser feito com moderação, uma vez que a fruta é ácida e pode irritar ainda mais uma garganta inflamada. Melhor evitar na fase aguda da infecção.
Esses métodos caseiros são seguros para crianças e idosos?
De forma geral, as alternativas caseiras citadas podem ser utilizadas por crianças e idosos, mas sempre com atenção redobrada. A temperatura dos chás e compressas deve ser moderada para evitar queimaduras, e o mel não deve ser oferecido a crianças menores de um ano, devido ao risco de botulismo, uma infecção rara, mas grave.
E os fitoterápicos vendidos em farmácias?
Além dos preparos em casa, existem as fórmulas prontas, vendidas em farmácias em forma de pastilhas, sprays e xaropes feitos com plantas como fitoterápicos.
Apesar da aparência natural, esses produtos são regulados pela Anvisa e devem ser considerados medicamentos industrializados, não receitas caseiras. “São úteis, mas devem ser usados com orientação adequada, principalmente em crianças e idosos”, explica o médico.
Remédios caseiros não substituem tratamento médico
Pizarro reforça que o uso de métodos naturais não deve ser visto como a principal estratégia de combate a doenças.
A busca por ajuda profissional é fundamental, especialmente em casos de dor acompanhada de febre alta persistente, dificuldade respiratória, para falar ou engolir, travamento da boca e desidratação. Esses sinais podem indicar que a dor de garganta esteja ligada a condições mais graves, como amigdalite bacteriana, faringite severa, abscessos ou até infecções sistêmicas.
Nesses casos, o uso de antibióticos ou outros medicamentos específicos, sob prescrição médica, é fundamental. “Remédios caseiros devem ser usados como complementares e nunca como substitutos de avaliação médica quando há sinais de gravidade”, alerta.