A tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre importações brasileiras entra em vigor nesta quarta-feira (6/8). Entre pedidos de negociação e de auxílio do governo, setores do agronegócio avaliam o futuro do comércio com os americanos. Quem tem contratos fechados e ainda pretende embarcar mercadorias já negociadas deve ficar atento às regras e ajustar a logística, para evitar custos adicionais.
Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil, hoje advogado e consultor na área, explica que, de modo geral, as tarifas entram em vigor sete dias depois da assinatura da ordem executiva. Como a do Brasil foi assinada em 30 de julho, a sobretaxa passa a ser cobrada a partir de 0h01 do dia 6 de agosto.
A contar dessa data, é preciso ficar de olho nas regras. Barral explica que os produtos embarcados até esta terça-feira (5/8) têm até o dia 5 de outubro para chegar aos Estados Unidos sem a cobrança de tarifa. Mas com uma condição. Tem que usar apenas um meio de transporte, como avião ou navio.
“São 60 dias após o início da cobrança”, diz o especialista. “Alguns produtos até podem ser embarcados de avião para chegarem em solo americano antes do dia 6 de agosto, mas isso compensaria para os itens de alto valor agregado, uma vez que os custos são bem mais altos”, explica.
Foi o que fizeram alguns curtumes do Brasil. A indústria de couros acelerou embarques por via aérea para evitar a incidência de tarifa. O Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) informa que os Estados Unidos são o segundo maior importador do produto. As vendas chegam a US$ 200 milhões por ano. O tarifaço, avalia a entidade, coloca todo esse volume de negócios em risco.
Frete mais caro
Os embarques de navio que partem do Brasil rumo aos Estados Unidos gastam entre 20 e 30 dias para chegar ao destino. Sem contar o tempo de deslocamento dentro do Brasil até os portos. Na avaliação de Welber Barral, não há tempo hábil para acelerar esse transporte.
As negociações de frete e de seguros são realizadas com bastante antecedência, e também “porque o exportador tem que contratar os armadores e as empresas de gerenciamento de carga meses antes do embarque”, diz.
De qualquer forma, explica o ex-secretário de Comércio Exterior, a tendência é de aumento nos valores de frete. Foi o que aconteceu em abril, quando o presidente americano Donald Trump anunciou a primeira tarifa contra o Brasil, levando importadores a acelerarem as compras para a formação de estoques internos.