A seca castigou até o café conilon do Espírito Santo, que é reconhecido biologicamente por ser mais resistente às altas temperaturas. Com o déficit hídrico, produtores estimam perdas de 15% a 30% para a safra 2024/25, que acabou de ser colhida. Além disso, há menos otimismo para o desenvolvimento dos grãos de qualidade para o próximo ciclo (2025/26).
A Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Cooabriel) – a maior cooperativa de café conilon do Brasil – já calcula uma quebra de 25% este ano em relação ao número de sacas recebidas em 2023. A redução foi de 1,6 milhão para 1,2 milhão de sacas de 60 quilos.
Ainda que o número possa mudar até dezembro, quando os produtores estão decidindo se estocam ou entregam o café para venda, há certeza de quebra, segundo a entidade.
De acordo com o presidente da cooperativa, Luiz Carlos Bastianello, a falta de chuva e o calor do ano passado afetaram a qualidade do grão e, continuando este ano, ameaça a produção para 2025, justamente porque marca o período mais importante do desenvolvimento vegetativo do café, a florada.
Com poucos registros de precipitação, produtores carecem de chuva. No caso do Estado capixaba, a meta é ser o maior exportador de conilon do mundo até 2028, sem precisar aumentar tanto a área plantada, como vem destacando a entidade.
Café arábica
No caso do café arábica, as praças produtoras que mais têm apresentado problemas são as de Minas Gerais e da Alta Mogiana. E as consequências estão sendo calculadas para o café que terminou de ser colhido e que agora consegue ser mapeado com mais detalhamento para as entidades, reflexo de problemas climáticos do ano passado.
Em Minas Gerais, por exemplo, em um mapeamento de campo realizado com mais de 1,7 mil produtores rurais que estão no programa de Assistência Técnica e Gerencial do Sistema Faemg Senar, registrou uma potencial quebra de 23% na safra de café arábica da temporada 2024/25 em todo o Estado, segundo nota da entidade.
Na região de Franca (SP), a Alta Mogiana, muito reconhecida pelos cafés especiais, está penalizada com a falta de chuvas há mais de 180 dias, de acordo com publicação da Fundação Procafé. As plantas que são da próxima safra (2025-26) apresentam queda de folhas, floradas antecipadas e consequente despegamento de grãos, que terão mais dificuldade para “encher” e apresentar a qualidade necessária para garantir preço no futuro. Por enquanto, os valores domésticos estão atrativos devido às adversidades climáticas e colocam os produtores em negociação com indústria e torrefadoras nacionais.
A saca de conilon está entre R$ 1400 e R$ 1.500, dependendo da praça negociada, enquanto do arábica teve oscilações ainda mais gritantes, havendo registro de R$ 1.400 até R$ 1.700 a depender do tipo de grão e da qualidade.
Recentemente, a expectativa de produtividade divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) diminuiu 0,5%, totalizando 54,79 milhões de sacas.