A Raízen, controlada por Shell e Cosan, já concluiu desinvestimentos que somam R$ 3,6 bilhões desde o início da atual gestão, dos quais R$ 2,6 bilhões ingressaram em caixa apenas neste ano fiscal. As vendas fazem parte da estratégia de simplificação de portfólio e concentração nas áreas de etanol, açúcar e bioenergia, além da distribuição de combustíveis no Brasil, afirmou o CEO da empresa, Nelson Gomes, em teleconferência com investidores e acionistas.
A estratégica mira uma redução da dívida líquida, que teve um salto de 55,8% e alcançou R$ 49,2 bilhões, o que fez com que a alavancagem dobrasse em um ano e encerrou o trimestre em 4,5 vezes.
Entre as operações realizadas, estão a venda das usinas MB, Leme, todas em São Paulo, e das plantas de geração distribuída. A companhia também hibernou usinas de Santa Elisa. Gomes ressaltou que a reorganização visa fortalecer os três negócios considerados centrais: etanol, açúcar e bioenergia; e a distribuição de combustíveis no Brasil.
“Tivemos desde o início da nossa gestão desinvestimentos da ordem de R$ 3,6 bilhões, dos quais R$ 2,6 bilhões entraram em caixa deste ano passado”, disse, “Falando de estrutura de capital, nós substituímos linhas de capital de giro de curto prazo por dívidas de longo prazo mais competitivas, alongando o prazo da dívida. E esse movimento explica a parte relevante do aumento do nosso endividamento nesse período”, acrescentou.
No mercado brasileiro de combustíveis, a Raízen registrou expansão de volumes e melhora de margens, tanto em combustíveis quanto em lubrificantes, além de ganhos de eficiência na gestão de suprimentos e estoques, apesar das vendas menores.
Na Argentina, a empresa aumentou volumes e avançou no projeto de modernização da refinaria, com foco em eficiência energética. No entanto, dois fatores pesaram no trimestre: a manutenção da refinaria além do prazo previsto e a necessidade de aumentar as importações de gasolina e diesel a custos mais elevados.
Na operação argentina, a otimização de processos levou a uma queda de 20% nas despesas gerais e administrativas em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Já os investimentos totais da companhia recuaram 23% na comparação anual, alinhados ao plano de redução de capex.
O executivo frisa que a empresa alongou o perfil da dívida, substituindo linhas de capital de giro de curto prazo por financiamentos de longo prazo mais competitivos, o que contribuiu para o aumento do endividamento no período. A empresa está em conversas com Shell e Cosan para uma possível entrada de capital, mas não divulgou detalhes sobre as negociações.