A Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Tocantins (COEQTO) participou, neste sábado (13), de Assembleia Geral na Comunidade Quilombola Taboca, em Monte do Carmo (TO). O encontro marcou a aprovação do estatuto da comunidade, passo essencial para a organização interna e o fortalecimento da luta pela identidade cultural do território.
Durante a assembleia, as famílias realizaram a leitura, discussão e ajustes do estatuto e sua aprovação coletiva. Também foram eleitos os membros da diretoria da associação da comunidade e aprovada a ata da reunião, consolidando um momento histórico para a comunidade, que segue empenhada em preservar suas tradições.
A COEQTO acompanha as comunidades quilombolas do Tocantins em seus processos de autoidentificação, oferecendo assessoria na elaboração de estatutos e contribuindo para o fortalecimento da autonomia comunitária. Em fevereiro, Taboca já havia realizado assembleia de autodefinição com a presença da COEQTO e da Secretaria de Povos Originários e Tradicionais (Sepot), etapa importante que antecedeu a certificação do território. O reconhecimento oficial como comunidade remanescente de quilombo foi emitido em agosto pela Fundação Cultural Palmares (FCP), por meio da Portaria nº 241/2025.
“A aprovação do estatuto para nossa comunidade é de uma importância muito grande. Relembramos as dificuldades que já enfrentamos, assim como os desafios vividos por nossos antepassados. Por isso, este momento é de celebração, e me sinto honrado em estar aqui por eles”, declarou seu Juarês Carvalho de Oliveira, presidente da associação da comunidade.
Raízes e tradições da comunidade
A matriarca da comunidade, Dona Damiana Carvalho, junto com seus irmãos Manoel (conhecido como Manoelzinho das Areias) e Inocência, viveu na região da antiga Fazenda Taboca — origem do nome da comunidade, no século XX. As famílias que hoje compõem o quilombo são descendentes diretas desses três irmãos e seguem mantendo vivo o legado ancestral.
Entre as manifestações culturais mais expressivas estão a Folia, o Congo e a Taieira. “Essa cultura já vem de berço. Meu pai era Congo, minha mãe era Taieira. Temos uma ligação muito forte com nossa tradição carmelitana”, explica Seu Juarês, ao comentar sobre os festejos de julho, quando ocorre a Caçada da Rainha, celebração religiosa dedicada a Nossa Senhora do Rosário.
“É com a alegria, resistência e força herdadas de Dona Damiana, do Manoel e da Inocência que prosseguiremos firmes na luta pelos nossos direitos. Essa é uma luta diária, e esta conquista é um amparo público diante de tudo o que nosso povo já passou e sofreu”, destacou Bruno Carvalho de Souza, tesoureiro da associação.
A comunidade permanece mobilizada para garantir direitos constitucionais, como a regularização territorial, o acesso às políticas públicas e a valorização da cultura e da identidade quilombola.