Hemetério José dos Santos, intelectual que viveu em meados do século 19 até início do 20, desempenhou um papel fundamental na educação do país e é reconhecido como o primeiro professor negro registrado a lecionar em instituições de ensino de alto nível no Brasil.
A defesa da democracia, do ensino inclusivo e o fim da discriminação racial foram as principais bandeiras de luta do professor, gramático e filólogo, segundo o artigo “Hemetério dos Santos: o posicionamento do intelectual negro a partir das obras Pretidão de amor e Carta aos Maranhenses”, de Marcela Moraes Gomes, publicado em uma revista acadêmica da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Professor e militar
Nascido em 3 de março de 1858, na cidade de Codó, no Maranhão, Hemetério mudou-se para o Rio de Janeiro em 1870, aproximadamente, e lecionou nos Colégios Pedro II em 1878. Depois, atuou ainda como professor adjunto do curso secundário em 1890.
Anos depois, em 1898, foi designado professor “para a aula de português do curso de adaptação”, recebendo não só a nomeação de professor vitalício, mas também a patente de Major do Exército. Em 1920, tornou-se professor do Colégio Militar e recebeu a patente de tenente-coronel honorário.
Hemetério se casou com a também professora Rufina Vaz Carvalho dos Santos e foi professor da Escola Normal do Distrito Federal.
Erudição e visão progressista
Em uma época marcada pelo preconceito, a erudição reconhecida do intelectual foi um dos trunfos para alcançar projeção.Play Video
“A forma usada pelo intelectual para alcançar tais posições, ainda que tenham sido levantadas algumas hipóteses, não é tão clara, mas podemos concluir que a sua atuação como professor exigente e respeitado foram uns dos motivos para tal façanha”, escreveu Gomes.
Educador e ativista
Além de professor, Hemetério era um intelectual engajado nas questões sociais. Em suas obras, como “Pretidão de Amor” e “Carta aos Maranhenses”, ele defendia a inclusão social dos negros, a luta contra o racismo e a valorização da cultura africana.
Hemetério dos Santos deixou um legado importante para a educação brasileira. Ele faleceu em 1939, aos 81 anos, de acordo com a publicação da UFF de 2011.