O brasileiro Luciano Andrade Moreira foi escolhido pela revista Nature como uma das dez pessoas no mundo que moldaram a ciência em 2025. O engenheiro agrônomo obteve o reconhecimento por liderar o estudo que desenvolveu o “Método Wolbachia”. A técnica consiste em usar a bactéria natural homônima no mosquito Aedes aegypti para bloquear a transmissão de vírus como os da dengue, zika e chikungunya.
A Nature é uma revista científica britânica em circulação desde 1869 e é considerada a mais citada do mundo. Em 2023, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, também foi inserida na Nature’s 10, pelo trabalho de combate ao desmatamento na Amazônia Legal.
Segundo o periódico, “os cientistas ainda não compreendem o mecanismo, mas a bactéria pode estar competindo com o vírus por recursos ou estimulando a produção de proteínas antivirais”. De acordo com a pesquisa, os mosquitos portadores da bactéria têm menor probabilidade de contrair esses vírus, mas não o transmitem.
Fábrica de mosquitos
Para tanto, Moreira criou uma verdadeira fábrica de wolbitos, em Curitiba (PR), em parceria entre a Fiocruz, o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP), uma organização sem fins lucrativos com atuação em 14 países.
“Milhões de mosquitos Aedes aegypti se reproduzem em uma sala com temperatura controlada e repleta de gaiolas de tela. A cada semana, a instalação produz mais de 80 milhões de ovos de mosquito”, destacou a publicação.
O interesse de Moreira por mosquitos começou no final da década de 90, durante o pós-doutordo em Cleveland, Ohio (EUA). Lá, Moreira contribuiu para o desenvolvimento do primeiro mosquito geneticamente modificado para bloquear a transmissão da malária.
Hoje, o Ministério da Saúde já utiliza o Método Wolbachia em cidades com maiores casos de arboviroses nos últimos anos: Balneário de Camboriú (SC), Brasília (DF), Blumenau (SC), Joinville (SC), Luziânia (GO) e Valparaíso de Goiás (GO).







