Motor da economia brasileira, a agricultura está sempre atenta às condições climáticas para a garantia de boas safras em todas as culturas e nenhum prejuízo. No entanto, em um país com território superior a 8 milhões de quilômetros quadrados, o clima se difere – e muito – entre as cinco regiões.
Enquanto a formação de um ciclone extratropical muda o tempo no Sul, com risco de ventos fortes e temporais, o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) segue sem chuva, condição importante para o sucesso da safra da soja.
Já no Centro-Oeste, outra região destaque na produção do grão, o fenômeno meteorológico influencia aumentando o volume de precipitação, principalmente em Mato Grosso do Sul.
Confira abaixo a previsão para as principais áreas produtoras do país:
Matopiba
A região que engloba Tocantins e parte do Maranhão, Piauí e Bahia representa uma área importante para o algodão, o milho e, principalmente, a soja, a principal cultura agrícola no Brasil. Após o plantio do grão, etapa que acontece nesta época, a chuva é necessária para a germinação, mas não será vista nesta semana.
De acordo com Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Rural Clima, a tendência é que o fenômeno ocorra somente nos últimos dias do mês.
Apesar de necessária para o desenvolvimento das plantas, a falta de chuva nesta semana vai facilitar o avanço do plantio por parte dos produtores rurais. “A previsão do tempo mostra que as chuvas nesta semana ficam mais concentradas no Centro-Oeste e Sudeste, tanto na semana como no fim de semana”, diz.
O especialista adianta que a chuva volta ao Nordeste, mas de forma irregular. Os volumes maiores e fundamentais para a atividade devem ocorrer somente em novembro.
Centro-Oeste
Na região, que também é destaque na produção agrícola, o clima será bem diferente do Matopiba porque iniciou a semana com áreas de instabilidade, mas que perderam força com o passar das horas.
Porém, com a formação de um ciclone extratropical no Sul, que irá avançar em direção ao Sudeste, o Mato Grosso do Sul também pode ser afetado e registrar chuva e até temporais, conforme a Climatempo. As demais áreas seguem com nuvens carregadas devido à presença do ar quente e úmido.
Os três Estados tiveram o plantio de soja liberado no mês de setembro, enquanto no Distrito Federal o período iniciou em 1º de outubro. Outra cultura em alta é o milho, pois a época de semeadura na safra varia de outubro a novembro na região, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Com relação ao plantio no Estado de Goiás, existe um atraso considerável, principalmente nas regiões sul e sudoeste que, normalmente, iniciam as atividades de plantio ainda em setembro, segundo Clodoaldo Calegari, presidente da Aprosoja de Goiás (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Goiás). Em 2024, o atraso das chuvas mais consistentes jogaram as atividades de plantio para a segunda quinzena de outubro, o que pode impactar também na formação da janela de plantio da segunda safra.
“Poderemos ter os meses de novembro e dezembro com chuva abaixo da média, o que pode atrasar ainda mais o plantio. Depois, os meses de janeiro e fevereiro com chuvas acima da média, o que pode dificultar a colheita”, afirmou Calegari.
A interferência do clima
Em setembro, com o fim da safra de grãos 2023/2024, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou que houve redução de 21,4 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior.
O motivo da queda, de acordo com a Conab, foi a demora na regularização de chuvas no início do plantio, as baixas precipitações durante o ciclo em lavouras do Centro-Oeste, Matopiba, São Paulo e Paraná e o excesso de chuvas no Rio Grande do Sul.