O futuro dos tucanos é incerto. “Haverá uma debandada, mas o partido terá que mostrar a cara”, disse o prefeito de Santo André, Paulo Serra, diante da ameaça de vereadores que exigem apoio a Ricardo Nunes (MDB).
Presidente interino do PSDB de São Paulo, Paulo Serra está entre as lideranças da legenda que defendem publicamente o lançamento de uma candidatura própria em São Paulo, reduto tucano por 24 anos.
O longevo comando da capital foi interrompido pela tomada do bolsonarismo em 2022, com a vitória de Tarcísio Freitas (Republicanos). Não dá, porém, para creditar a derrota apenas à força política de Bolsonaro.
As brigas entre correntes adversárias contribuíram — e muito — para implodir não apenas a candidatura local do PSDB, mas também a tentativa de o partido dar início a um projeto a longo prazo e viabilizar-se nacionalmente.
Se a ala mais antiga do PSDB, remanescente de FHC, nunca aceitou o outsider João Doria tampouco atenuou os riscos de segurar na mão uma bomba-relógio. A todo custo tentou emplacar o governador gaúcho, Eduardo Leite, esquecendo que um mau perdedor pode ser tão ruim quanto um vencedor inebriado pela soberba.
Sem contar a ressaca política que ainda perdurava pela memória da desastrosa marca dos 5% nas presidenciais de 2018, encabeçada por Geraldo Alckmin e uma robusta coligação de 13 partidos.
Fora da disputa em São Paulo, já no primeiro turno, e longe do xadrez nacional, em que decidiu pela neutralidade em uma das eleições mais polarizadas da história da política contemporânea, restou ao partido contentar-se com a vitória em apenas três estados: Rio Grande do Sul, o plano B de Leite, Mato Grosso do Sul, com Eduardo Reidel, e Pernambuco, com Raquel Lyra, que agora se movimenta para o PSD de Kassab, numa piscadela ao presidente Lula em 2026.
Ainda em busca de uma “lógica” própria, a despeito da força de vontade, os tucanos também vão precisar encarar a realidade de um fundo eleitoral enxuto, ou seja, com menos dinheiro para irrigar candidatos próprios neste ano.
O cenário nas municipais só acentua a preocupação de seus integrantes, já que o partido reduziu o número de prefeituras, de 803, em 2016, para 521 em 2020.
A cúpula evita fechar números, mas promete voltar ao jogo com ao menos dez candidatos próprios em importantes capitais do país. Por exemplo: Recife, Curitiba, Goiânia e, possivelmente, São Paulo.
Para os próximos meses, a Executiva, comandada pelo ex-governador de Goiás Marconi Perillo, promete um périplo pelo país para energizar a base tucana e mobilizar potenciais candidatos.
“O PSDB entrará com toda a disposição de voltar a ser protagonista na política. Temos história, projetos e disposição”, disse Perillo à CNN.
Não há ainda como prever que a reunião desses elementos será suficiente para reabilitar a sigla. As circunstâncias indicam que, sem a possibilidade de vencer as incertezas, será preciso, ao menos, assumir que elas existem.
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